Morar sozinho, e agora?

Foto: Amanda Denise da Costa

Um novo mundo com novos horizontes. Estar por conta própria, liberdade ou problema?

Amanda Denise da Costa e Wagner Stan

amandadgiehl@gmail.com, wagner_stan@hotmail.com

São muitos os motivos que levam as pessoas a escolherem morar sozinhas, alguns procuram trilhar um novo caminho e estar por conta própria, querendo ser independentes. Outros saem para estudar, trabalhar. Essas escolhas têm algo em comum: as dificuldades e os benefícios de estar vivendo por si só.

No brasil, quase 7 milhões de pessoas moram sozinhas, esses são dados do censo de 2010 do IBGE. Os que moram em casa própria, das 47 milhões de famílias, são 12% moradores unipessoais (pessoas que moram sozinhas).

Infográfico de pessoas que moram sozinhas no Brasil

A grande maioria dessas pessoas se concentram na área urbana, sendo 87,3%, os outros 12,7% moram na área rural.

Como é morar só?

Morar sozinho é um grande desafio, o que antes não era preocupação, acaba se tornando responsabilidade. A apreensão com contas, limpeza e alimentação, por exemplo, são alguns dos fatores que quando aparecem junto à faculdade e/ou ao trabalho acabam deixando as pessoas assustadas, principalmente os mais jovens.

A correria do dia a dia, talvez seja um dos principais “problemas” dessas pessoas, conta Mathias Paulus Link (19), estudante de Letras, na Universidade Regional Integrada de Frederico Westphalen (URI-FW). “É difícil manter uma rotina

e horários organizados. Muitas vezes almoço as 16h em função de estar preocupado com os trabalhos da faculdade”, diz Mathias.

A solidão também pode afetar aqueles que moram sozinhos, a falta da família acaba “ajudando” nisso. Nestes casos procurar um psicólogo pode ser necessário. “Morar sozinho requer da pessoa muita responsabilidade e também com questões emocionais, que podem se potencializar quando se mora só”, diz a psicóloga Laís Piovesan.

É necessário procurar um profissional assim que se sentir fragilizado, e ele ajudará a achar formas de lidar com essa solidão e com outros problemas. É muito importante estar atento às possíveis dificuldades que podem estar se apresentando na vida de quem decide morar sozinho. Mas, segundo ela, existem benefícios, como o amadurecimento, que pode ser muito enriquecedor, fazendo que se adquira mais autonomia e autoentendimento.

Em busca de um objetivo maior

Ao sair de São Paulo, Axel Mariotto (24), decidiu largar a cidade grande e estudar agronomia na Universidade Federal de Santa Maria, em Frederico Westphalen. Uma pessoa bastante sociável, Axel não demorou a se adaptar ao lugar, por ser uma cidade pequena, não teve muitos problemas.

Diferente de Tauani da Silva Borba (20), que saiu de Seberi, para a movimentada capital Porto Alegre para estudar Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ambos falam que um dos maiores desafios, é ficar longe da família e a troca de rotina. E contam que uma das vantagens é o quanto amadureceram desde que fizeram essas escolhas. Acreditam que é preciso abrir de mão de algumas coisas para conquistar um objetivo maior.

Mantendo a rotina

Rose Silva de Bem (32), mora sozinha desde os 25 anos e conta que foi uma das melhores coisas que fez na vida. Embora tenham dificuldades, como fazer comida e manter a casa arrumada, em contrapartida, ter os seus horários e poder fazer o que quiser, quando quiser é um dos benefícios de morar sozinha. “Tem mais privacidade, é bem diferente de morar com pais, pois você tem que pensar nas contas final do mês e da alimentação, mas isso para quem sabe se organizar é muito fácil”, afirma. Rose trabalha à noite, tendo uma rotina diferente das demais pessoas, mas está feliz com a vida que leva.

As pessoas que vivem sozinhas tendem a buscar algo para fazer durante os tempos de folga do trabalho ou dos estudos, muitas vezes para não sobrecarregar e não se sentirem tristes. Mas como as pessoas que não trabalham e nem estudam mais fazem ou se sentem morando sozinhas? Isso quem responde é Ana Babinski de Oliveira, que tem 81 anos.

Ana mora na cidade de Seberi há 13 anos, desde que se aposentou, e seu marido mora no interior do município.

Ana gosta de passar as tardes tomando chimarrão, recebendo visita de amigas. Foto: Wagner Stan

Ela conta que os primeiros anos foram muito difíceis como moradora unipessoal. “Tinha uma rotina totalmente diferente quando morava no interior, e agora apenas cuido da casa, vou ao mercado, caminho, vou visitar

minhas amigas, tudo isso para não ficar parada”. Umas das maiores preocupações de Ana, ao morar sozinha, é de não ter ninguém por perto caso ela fique doente, mas conta que é muito bom ter o seu cantinho, e estar sozinha a torna muito feliz.

Dicas de “sobrevivência”

Os protagonistas dessa reportagem, juntamente com nós, os repórteres, escolheram algumas dicas de como se adaptar a morar sozinho:

· Conquistar novas amizades é uma das dicas, pois a solidão pode não ser um bom caminho para o futuro. Conviver com pessoas que ajudam no nosso humor e bem estar é um modo para que a pessoa não se sinta só.

· Procurar atividades extras para fazer, como yoga, futebol, atividades físicas, podem colaborar para manter uma rotina, além de ajudar para a saúde do corpo e da mente. Para não se sentir sozinho, adotar um animal de estimação, pode ser uma boa ideia.

· Manter a casa bem organizada e limpa também pode ajudar, assim sobrará mais tempo para outros afazeres.

Morar sozinho é um dos maiores desejos das pessoas, principalmente dos jovens. Junto com a liberdade de poder fazer tudo aquilo que bem entende, vem atrelada a responsabilidade de manter tudo certo e seguro. Assim como os protagonistas desta reportagem, você também pode se aventurar em novas jornadas e procurar um propósito de vida. Morar sozinho tem seus benefícios e seus desafios, mas é uma grande oportunidade de evoluir e ganhar experiência.

*Reportagem produzida na discIplina de Redação Jornalística 2 como parte do jornal-laboratório online da turma. Clique aqui para ler outros textos: http://decom.ufsm.br/redjor2/

Sobre o autor

wagner_stan
Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Santa Maria /campus Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, Brasil.

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