O segundo dia do evento iniciou na manhã deste domingo. A estudante de Agronomia da UFRGS e militante da FEAB, Daniele Calvichioli, assessorou a atividade do 2º painel com o tema: “Relações profissionais nas Engenharias e Gênero”, que visou explanar ideias, conceitos e dados posteriormente discutidos em debate, afirmando que a relação entre homens e mulheres é importante para a Agroecologia.
Daniele destacou a desigualdade existente entre os sexos, não só socialmente como também, profissionalmente. As mulheres são violentadas e mortas todos os dias, na maioria das vezes por pessoas com quem convivem diariamente. No Brasil, a cada 4 minutos uma mulher é espancada. Outra questão levantada pela assessora é em relação ao salário desigual entre homens e mulheres. Geralmente, ainda que possuam mesma formação profissional e que trabalhem igualmente aos homens, a mulheres recebem um valor bem menor.
A estudante ainda comenta que em 2009, segundo dados do IBGE, “o número de pessoas que se matriculavam em uma universidade representava 28% de homens brancos; 35% mulheres brancas; 14% homens negros; 20,5% mulheres negras. Portanto, analisando esses dados, poderíamos concluir que as mulheres tem mais acesso à educação, porém, quando comparamos com os dados também do IBGE, nos deparamos com uma divergência. O rendimento mensal de um homem branco é de aproximadamente de R$ 1.500,00; de uma mulher branca é de R$ 1.000,00; de um homem negro, R$ 800,00; de uma mulher negra, R$ 500,00.”. Destacando esses dados, Daniele questiona os participantes se há ou não igualdade entre homens e mulheres. A resposta, segundo ela, fica evidente: “não há igualdade”. Exemplificando também a área da Engenharia, onde os homens recebem até 45% a mais do que as mulheres.
Na sequência da programação foram realizadas as oficinas, sendo estas divididas em duas partes. A primeira foi teórica e aconteceu nas dependências da UFSM/Cesnors. Já a segunda parte foi realizada em locais distintos, os quais seguem abaixo:
1)Sementes Crioulas: apresentada pelo mestrando de Melhoramento Genético da UFSC, Anderson Munarini, e pelo Tecnólogo em Agroecologia Emelson Maciel Bonamigo dos Santos. Ambos são representantes do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA. A oficina foi realizada nas dependências da UFSM/Cesnors;
2)Mudas Nativas: apresentada pelo Engenheiro Agrônomo Mairo Trentin Piovesan, a qual foi realizada em Pinhal –RS;
3)Planta Medicinas e Elixir: ministrada pela Bióloga e representante do MPA, Debora Waleska Sasdelli Varoli. Aconteceu nas dependências do Colégio Agrícola de Frederico Westphalen – CAFW;
4)Pastoreio Racional Voisin: realizada pelo Médico Veterinário e representante da Emater, Ricardo Lopes Machado, visualizada no município de Constantina;
5)SAF’s – Sistemas Agroflorestais: ministrada na Linha Faguense – FW, pelo Engenheiro Agrônomo e representante do MPA, Marcelo Leal Teles da Silva;
6)Compostagem, vermicompostagem e alporquia: ministrada por Felipe Machado de Freitas e André Luis Alves Miguel, representantes do GALO – Grupo de Agroecologia de Londrina – PR, realizada nas dependências do CAFW;
7)Soberania Energética – agrocombustíveis: efetuada pelo Engenheiro Agrônomo e representante do MPA, Marcos Joni de Oliveira, a qual foi realizada em Caiçara – RS;
8)Sementes Florestais: ministrada por Amilton Fernando Munari, realizada nas dependências da UFSM/Cesnors – FW.
Essas oficinas proporcionaram aos participantes a prática de algumas técnicas que envolvem a Agroecologia, buscando explaná-las e desenvolvê-las, na medida em que abordaram os âmbitos históricos, estruturais, financeiro, humano, social e cultural. Como destaca o Médico Veterinário, Ricardo Lopes Machado, que “a tecnologia deve vir para libertar, humanizar e viabilizar o trabalho”.
Terezinha Ferreira, camponesa do município de Constantina, relata que sua família, há alguns anos antes de começar o projeto, iria deixar o campo. “Antes da implantação do Pastoreio Racional Voisin – PRV, era sempre uma correria. O piá saiu de casa na verdade por isso, porque era muito sofrimento pra nós e hoje é uma brincadeira. Eu toquei a propriedade 22 dias sozinha, hoje é outra realidade. Hoje tem outra diferença. Mudou muito pra melhor”, conta Terezinha. Com orgulho, a família destaca que foi a primeira vez que estudantes vieram visitar a propriedade. Reforça ela que não imaginava que o trabalho feito por ela poderia contribuir para a formação de estudantes.
Na parte da noite, houve um treinamento para a 1ª Caminhada Ecológica de Frederico Westphalen que terá como lema: “Um novo mundo existirá se o construirmos!”. Os participantes do II ERA Sul se dividiram em grupos cada qual com uma função, estas serão postas em prática verdadeiramente na segunda-feira, pela parte da manhã, no centro da cidade. Escolas e participantes do encontro estabelecerão uma interatividade com a sociedade, na busca de explanar sobre a temática da Agroecologia através do diálogo com a mesma.
Adilvane Spezia e Andreia Primaz Eckhardt – Da Hora
OBS: matéria enviada originalmente pelas autoras às 8h40 de 30/04.


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