O plano de fundo dos imigrantes que chegam ao Brasil

Tem gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais, tem gente que vem e quer voltar, tem gente que vai e quer ficar, tem gente que veio só olhar, tem gente a sorrir e a chorar, e assim, chegar e partir…
Já dizia Maria Rita em sua música intitulada ‘Encontros e Despedidas’, que apesar de estar voltada para a arte da composição, diz muito sobre a vida de migrantes que saem de suas cidades e países de origem em busca de melhores condições de vida e oportunidades.

Na definição da palavra, imigrante é toda e qualquer pessoa que imigra ou imigrou, quem se estabeleceu em país estrangeiro pelo processo de migração. Diz respeito a quem muda periodicamente de um lugar para outro. No Brasil a Agência da ONU para refugiados (ACNUR) é osuporte que a Organização das Nações Unidas oferece aos imigrantes e refugiados que chegam ao país. 

Na realidade brasileira as migrações oriundas dos países latino-americanos, particularmente Américas Central e Sul, tem tomado grande significado a partir das últimas décadas do Século XX, porém vale lembrar aqui que os processos migratórios fazem parte da história da humanidade e construíram inclusive a do Brasil. Após a colonização portuguesa, imigrantes de diferentes países da Europa enxergaram no país a oportunidade de uma nova vida, hoje temos descendentes de diferentes nacionalidades que têm sua história construída em solos brasileiros por conta de seus antepassados..

Cada vez mais os processos imigratórios se intensificam, no cenário atual, gerando crises políticas e sociais, sendo destaque em noticiários pelo mundo todo. No Brasil, o número de estrangeiros registrados teve aumento significativos desde os anos 2000, registrando uma pequena queda dos números apenas em 20015.


Samba Sané, Elahdji Malick e Sandra Montepeque de Zandoná, ilustram a vida de imigrantes em diferentes contextos, que saíram de seus países por diferentes motivos e que compartilham a saudade de suas terras e familiares. Os três personagens enxergaram em Frederico Westphalen uma oportunidade de mudança de vida e prosperidade.

Clique aqui para conhecer a história de Samba Sané, imigrante vindo de Guiné Bissau.

Clique para conhecer a história de Sandra Montepeque de Zandoná, imigrante da Guatemala. 

Clique aqui para conhecer a história de Elhadji Malick, imigrante vindo do Senegal. 

Imigração: um fator social

Doutora em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e que tem seus estudos voltados também para a imigração, Maria Medianeira Padoim explica que os processos imigratórios são, basicamente, a chegada de migrantes de outros lugares (geralmente de onde viviam) a um outro espaço de terra, região ou país, e que o que hoje tanto está em voga em noticiários e nas rodas de conversa (muitas vezes vistos com olhos de intolerância), faz parte da história do mundo.

— Podemos dizer que a história também é a história dos processos migratórios, pois o ser humano é essencialmente um ser que migra, buscando melhores condições de vida, nos mais diferentes períodos. No Brasil, em primeiro lugar, essa denominação ‘Brasil’ foi dada e oficializada pelos portugueses com a conquista das terras no ‘Novo Mundo’ (Continente Americano); Assim sendo, se tivermos em conta que a partir de 1500 até meados do século XIX tal território passará a integrar o estado português (como Colônia e depois, 1815, como Reino Unido) teremos as diferentes nacionalidades que para cá, considerados imigrantes —, explica.

A história segue seu fluxo, se reinventa, mas também se repete. A doutora comenta que as motivações dos processos migratórios, assim como sempre aconteceu, também hoje se dão por fuga de situações de guerra, de fome, insegurança política e religiosa, na busca de melhores condições e valorização do trabalho. “Muitos imigrantes hoje vêm com a perspectiva de voltarem ao seu país ou região de origem. Muitos vêm em busca de trabalho e conseguir daqui enviar dinheiro para suas famílias ou criar condições de depois voltarem ou esperarem que a situação em seus países de origem permitam o retorno”, comenta. Podemos perceber o perfil dos imigrantes no Brasil no gráfico a seguir:

Da Guiné Bissau para Frederico Westphalen

Com um sorriso no rosto, Samba Sané enfatiza os benefícios das relações entre universidades brasileiras e africanas.

Natural da Guiné Bissau, na África, Samba Sané conheceu o Brasil ainda nos tempos de escola, durante as aulas de história, e foi desses mesmos estudos que surgiu a oportunidade de conhecer e ter uma experiência no país.

No segundo grau a gente estudava sobre a humanidade como um todo, mas sobretudo os países com língua portuguesa, consequentemente sobre o Brasil, isso acabou me chamando muito atenção, saber que existe na América Latina um país que tem uma população africana grande, consequência da própria imigração colonial. E dentre esses tantos africanos a maioria vieram de países de língua portuguesa, entre esses a Guiné Bissau, então isso me levou a pensar: um dia eu gostaria de conhecer o Brasil. E quando eu tive a oportunidade de vir estudar eu disse: é agora, vou estudar lá, vou conseguir desvendar essa parte da história que aprendi em sala de aula. Sonho de criança” —, conta.

Ainda nos anos 90 atravessou o oceano rumo a uma cidade do sul do país, com pouco mais de 80 mil habitantes, mais precisamente, Ijuí, para cursar administração na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ). A ponte aconteceu por meio do programa de cooperação, na área da educação, de países de língua portuguesa. Samba conseguiu ainda apoio financeiro em uma entidade religiosa alemã, o que facilitou o processo.

Fui o primeiro estudante africano a estudar em Ijuí, agora existem estudantes de todos os países de língua portuguesa. Da Guiné, da Angola, de Cabo Verde, mas eu fui o primeiro, por isso foi mais desafiador. Não foi fácil, mas foi legal, no final foi bom—, lembra.

Após o intercâmbio, Samba retornou para a Guiné e em 2004, com o convite da Unijuí para integrar a primeira turma de mestrado da universidade, se mudou para o Brasil novamente, desta vez com a família. Permaneceu na cidade até 2006, quando uma oportunidade de emprego surgiu em Frederico Westphalen e novamente a família se mudou, desde então eles residem na cidade.

Samba relata a distância da família como maior dificuldade na vida de um migrante, ainda mais na primeira vez que veio ao país, quando a comunicação acontecia por cartas ou ligações rápidas, onde era possível ouvir a “voz viajando”, como ele lembra. Além disso, adaptação à nova cultura e língua. “Tudo era novo, tinha que ser novo, novos amigos, uma cultura com grandes diferenças. A língua portuguesa do Rio Grande do Sul é diferente da de outras regiões, é diferente de Portugal e dos outros países da África, consequentemente tinha dificuldades”, conta. Assim mesmo, Samba sempre contou com a ajuda de professores, funcionários e amigos feitos na universidade.

Ele conta que nunca sofreu nenhum tipo de preconceito direto por ser um imigrante, mas quando procurava lugares para realizar seu intercâmbio, havia sido aconselhado pelos colegas da escola a procurar outra região do país, por conta do preconceito. “Minha mãe dizia: se você acha que é melhor ou superior a outro ser humano que é igual a você, então você já perdeu tudo. E eu disse isso a eles, eu vou para lá sim, se eu não for por achar que eles são assim, então eu estarei sendo preconceituoso com o povo de lá, e eu fui”, compartilha. 

Samba também relembra que enquanto buscava por apartamentos, não conseguia a chave para realizar as visitas, não entregavam a ele com a desculpa de que alguém havia levado naquele instante.

Apesar disso, ele vê essas questões como aprendizado, uma forma de saber o que não fazer com outro ser humano. Em Frederico Westphalen, Samba conta que sua recepção foi muito calorosa e até hoje, ele e a família se sentem muito bem acolhidos.

Desde 2013 ele é professor na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, campus de Frederico Westphalen (UERGS-FW), e mantém a relação com a Guiné por meio da educação e programas de integração entre os países. Há tanto tempo no Brasil, Samba se sente em casa, mas não descarta a possibilidade de voltar para a Guiné. “É como diz aquele ditado, a casa onde você se hospeda pode ser a maior do mundo, mas até um barraco, ao lado da casa do seu pai, vai ser sempre o melhor lugar do mundo”.

Hoje com três filhos e a esposa, Samba tem sua vida construída no Brasil graças a uma oportunidade de intercâmbio acadêmico, vivenciando diferentes fases de processos migratórios, desde nos anos 90 até agora. Por tudo o que viveu e considerando o atual cenário de migração, ele afirma que o nos difere é mínimo perto do que nos une, e acredita em uma política de portas abertas a todos os migrantes que, assim como ele quiseram ou precisaram partir.

Esse mundo foi feito para os seres humanos, nós não nascemos para ficar necessariamente só em um lugar, até porque se fosse assim, ninguém estaria aqui no Brasil, por exemplo, além dos povos indígenas. A cultura humana é para todos, sem discriminação. Nós temos que superar essa mentalidade atrasada de não abrir as portas para outro ser humano igual a nós. Precisamos nos colocar na situação dele: e se fosse com nós?!Abra as portas, oriente, ajude ele a se integrar, alimente. Você não está perdendo nada, pelo contrário, você está plantando uma semente. Nós precisamos construir a humanidade que queremos, e uma das maneiras de fazer isso é recebendo todos bemSamba Sané

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Do Senegal para Frederico Westphalen

No Largo Vitalino Certutti, Praça da Matriz, Elhadji Malick relata sua trajetória até chegar em Frederico Westphalen.

O senegalês Elhadji Malick que passa seus dias em frente a uma agência bancária, vendendo mercadorias, é a figura que representa um dos perfis de imigrantes contemporâneos. Ele precisou migrar em busca de oportunidades, trabalho e dinheiro para ajudar sua família que ainda vive no Senegal. Em um trabalho sobre o Panorama e Perfil da Imigração Senegalesa no Rio Grandes do Sul, Roberto Rodolfo Georg Rubel, autor do artigo, aborda o cotidiano dos senegaleses no estado. Segundo a pesquisa, a maioria desses imigrantes que chegam ao RS são homens, entre 30 e 50 anos e buscam no trabalho informal o sustento financeiro.

Desde 2013 no Brasil, Elhadji Malick percorreu um longo caminho, com muitos obstáculos, para chegar até os solos brasileiros. O motivo da viagem foi à busca por emprego e como outros tantos que o acompanhavam em seu voo, o migrante, hoje com 28 anos, veio clandestinamente para o país.

A primeira parada da viagem foi o Equador, dali viajou até o Peru e depois Bolívia, atravessando as fronteiras em busca de um lugar ao sol em seu destino final, o Brasil. Foi somente quando chegou ao estado do Acre que conseguiu abrigo, alimento e seus documentos, com a ajuda de militares, instalados em um campo que acolhem imigrantes e refugiados.

Já em território brasileiro, o rumo foi a maior região metropolitana do país: São Paulo. Sonho de consumo para uns, já que a cidade é a cara da diversidade cultural e pluralidade, Elhadji enxergou na capital a possibilidade de mais oportunidades de emprego, passou um mês em busca de trabalho, porém, a tarefa foi mais difícil do que ele imaginava e, sem sucesso, precisou seguir seu caminho. “Saí de São Paulo e fui para uma cidade chamada Marau. Trabalhei por três meses na Perdigão e lá fui aprendendo português”, contou. Lá ficou por alguns anos até a empresa começar a falir.

Elhadji trabalhava como mecânico e eletricista no Senegal, e encontrou em Panambi uma oportunidade na área, foi contrato por uma empresa que buscava funcionários para atuar com eletricidade industrial, e assumiu o posto logo após sair da Perdigão. Ele conta que trocava suas folgas por mais horas de trabalho, e passava grande parte do tempo viajando a trabalho, quase não ficava em Panambi. O imigrante trabalhou por um ano com uma ideia em mente: juntar dinheiro para visitar a família. Após conseguir o valor suficiente para a viagem, Elhadji pediu demissão e voltou para o Senegal, em setembro do ano passado, onde passou três meses.

De volta ao Brasil, o imigrante precisou encontrar uma nova forma de ganhar dinheiro e seguindo a dica de um amigo que estava em Chapecó, Santa Catarina, Elhadji se mudou para a cidade e iniciou a venda de mercadorias na rua. Ele conta que um fator importante para sua permanência é o fato de a cidade ser pequena, ele é o único senegalês que vende produtos de rua na cidade, diferente de grandes centros, como São Paulo, onde existe um maior de fluxo de pessoas, mas também mais vendedores concorrentes e fiscalização.

É difícil quando a gente está longe da família, mas é bom poder mandar dinheiro para eles. A crise que está no mundo, até os brasileiros estão saindo daqui pra procurar emprego. Na verdade isso é coisa de Deus, se ele diz que você não vai ganhar a sua vida no seu país, você nunca vai ganhar , mas antes de sair do seu país, tenta ver se você consegue. Além disso é muito difícil, tem muito estrangeiro que está morrendo na rua vendendo mercadoria, a gente tem medo, é perigosoElhadji Malick

De Chapecó, vinha toda a semana para Frederico Westphalen, ficava alguns dias hospedado em um hotel e retornava para a cidade, até conseguir um emprego com carteira assinada e se mudar. Elhadji foi contrato pela empresa frederiquense Bakof Tec, e trabalha das 18h às 00h. Sua rotina é voltada ao trabalho, ele vende suas mercadorias pela manhã e tarde, e a noite trabalha na empresa, tudo para juntar dinheiro, que também é enviado para a família no Senegal.

— A gente vem para cá para melhorar a vida, achar um emprego e ganhar dinheiro. Lá é difícil para achar serviço. Todo o mês tem que ganhar dinheiro. A cultura daqui é bem diferente, lá uma pessoa trabalha pela família, tenho cinco pessoas que dependem de mim. Aqui você faz 18 anos, sai de casa e trabalha, mas lá não é assim, tem que se ajudar, todo mundo se ajuda ­—, explica.

Além disso, Elhaji conta que a migração já se tornou comum no país e, mesmo aqueles que possuem melhores condições de vida, buscam oportunidade em outros países. Seus dois irmãos também são imigrantes, um deles mora na Itália e outro na Espanha.

Dentre as dificuldades de se viver longe de seu país de origem, a saudade de casa e de quem ficou. Um dos encurtadores da distância é o celular, e Elhadji passa grande parte do seu tempo, conversando com a família, por uma telinha, sua melhor companhia. “Sempre a gente vai sentir falta, ai só fica no telefone conversando. A gente não fica nenhum um dia quieto ou parado, se a gente fica parado fica pensando, é por isso que não quero parar nenhum minuto. O tempo que eu estiver parado estou dormindo”, diz. O Senegalês sai de casa apenas para ir trabalhar e aos finais de semana, passa seu tempo de descanso dormindo ou no celular.

No tempo que Elhadji passa sentado no chão, em frente uma agência bancária, vendendo seus produtos e mantendo o contato com a família pelo telefone, ele se depara com a indiferença das pessoas que cruzam muitas vezes sem notar que ele está ali e até mesmo, de quem o conhece, como colegas de trabalho que sequer o cumprimentam. O senegalês relatou diferentes tipos de situações em que sofreu preconceito e a dificuldade de se criar relações aqui. Ele não possui nenhum amigo na cidade, apenas aquele que o ajudou a encontrar emprego, mas que não vive mais aqui.

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Da Guatemala para Frederico Westphalen

Com 45 anos, Sandra Montepeque de Zandoná é natural da Guatemala e mudou-se para Frederico há 2 anos.

Há dois anos no Brasil, Sandra Montepeque de Zandoná deixou uma cidade de 2 milhões de habitantes para construir uma vida em uma cidade de pouco mais de 30 mil habitantes: Frederico Westphalen. A mudança aconteceu após o marido Sandro, que também foi um imigrante, perder o emprego.

Sandra é natural da Guatemala e passou sua vida inteira lá. Sandro é frederiquense e se mudou para a Guatemala ainda nos anos 90, para jogar futebol. Os dois se conheceram lá, passaram 20 anos na capital e visitavam a família no Brasil a cada dois anos. Após o marido perder o emprego por conta de cortes da empresa, uma vontade antiga de Sandra voltou a fazer parte dos pensamentos do casal. “Eu sempre quis sair da cidade, isso já era algo que eu queria desde após a faculdade. Então eu vim disposta e aberta às oportunidades”, conta. Bastava então decidir o destino, Sandra pensava em Estados Unidos ou Canadá, pelo estilo de vida que os países oferecem, mas o idioma era um fator que dificultaria o processo, pois somente Sandra falava inglês fluente, além disso, o clima também não foi um facilitador, com as temperaturas negativas que fazem nos países.

O pai e os dois filhos, Marcelo e Maurício, já tinham passagens compradas para visitar a família de Sandro no Brasil, em Frederico Westphalen, e pensaram: por que não Frederico?. Então, decidiram se mudar. Tomada à decisão, Sandro veio ao Brasil com os dois filhos, em dezembro de 2016, e Sandra ficou na cidade para organizar a documentação que faltava, principalmente para o mascote da família, Tomy, que precisava de documentos específicos para a viagem. Sandra chegou em janeiro e a mudança após um mês, nesse meio tempo eles contaram com a ajuda de familiares. Apesar de rápida, a decisão foi muito bem pensada e planejada pelo casal. “Nós tínhamos capital para tomar a decisão. Quando você decide fazer uma mudança dessas precisa tem uma economia.”, ressalta.

Logo quando chegaram, a ideia era abrir um negócio na cidade, mas avaliando o mercado decidiram esperar. Após três meses da chegada, Sandro conseguiu um emprego em uma escolinha de futebol para crianças da cidade, e começou a vender produtos de uma empresa que fabricava material de limpeza. Sandra conta que a procura por emprego foi difícil para ela.

Quando decidi procurar por emprego aqui foi muito frustrante, pois eu tinha experiência profissional na gerência de uma grande empresa na Guatemala e aqui toda a minha formação e experiência, eu saber falar português, inglês e espanhol não valia de nada, não valorizavam o que eu poderia oferecer como profissional. Pensei que não vim aqui para ser infeliz e, por isso, esperei até uma boa oportunidade.

Incentivada por uma amiga a novamente procurar por emprego, Sandra saiu para entregar currículos e conseguiu uma vaga na área comercial do Jornal Folha do Noroeste, onde trabalha hoje com a venda de publicidade. Sandra disse ter vindo com o coração aberto às novas oportunidades e a tudo aquilo que a cidade tem a oferecer, assim a adaptação se torna um processo natural. Além disso, os filhos de 12 e 13 anos já estão adaptados à escola e também gostam da cidade.

Às vezes as pessoas pensam que quem migra vai ficar triste e chorando. Eu acho que quem migra tem que ter um coração bem decidido, pois se é para estar sofrendo, voltamos para a nossa terra. Nosso termômetro são os nossos filhos, então se eles estão bem, tudo está bem. Nós não estamos economicamente como queremos neste momento, mas acreditamos que isso é uma questão de tempo, compartilha.

A tranquilidade e segurança da cidade também são um ponto positivo para o casal, que antes vivia na tumultuada capital. Apesar de enxergarem na cidade um futuro próspero, o casal não descarta a possibilidade de migrar mais uma vez, para uma cidade calma mas mais próxima de grandes centros.

Em meio a diferenças e semelhanças, essas três histórias são unidas pelo que os cercam, a imigração. Seja por questões de estudos, financeiras ou familiares, sozinhos ou acompanhados, o plano de fundo da vida dos imigrantes, e em especial de Samba, Sandra e Elhadji é a realização pessoal, onde quer que estejam eles desejam essa realização.  Pesquisadores afirmam que as fronteiras estabelecidas com as nações sul-americanas e o grau de desenvolvimento do Brasil, são fortes atrativos para esse fluxo imigratório. E que assim siga, um país construído por idas e vindas, por quem chega e por quem vai, por quem chora e por quem sorri.

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