A silicose é uma doença de desenvolvimento lento, assim como a extração da pedra, que requer muita paciência do inicio aos momentos finais, exclui-se aqui os casos de silicose aguda e/ou sub-aguda, que podem progredir independentemente da exposição continuada ou não, e como, a freqüente inalação das finas partículas de sílica cristalina, a qual se caracteriza pela inflamação e cicatrização em forma de lesões nodulares nos lóbulos superiores do pulmão, boa parte dos casos só serão diagnosticados anos após o trabalhador estar afastado da exposição. Em situações normais, o aparelho respiratório intercepta a maioria das partículas inaladas, através da ativação dos mecanismos de defesa e restauração, porém no dos mineiros, estes mecanismos de defesa não dão conta do ataque de partículas de sílica.
Cuidado!!!! Esta é a palavra que os trabalhadores do garimpo mais ouvem nos últimos tempos, mesmo assim os cuidados para evitar os problemas são muitos, com a elaboração de um planejamento da execução das atividades para realizá-las de maneira mais eficiente e segura, há ainda muita improvisação na atividade. O Uso de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs), que melhoram as condições de trabalho e do ambiente de trabalho, como uma fiscalização da atividade e o respeito as normas que disciplinam esta atividade.
Diz o dito popular que para tudo há uma solução, no caso da silicose não é diferente, também há uma solução ou melhor, um tratamento, porém nem sempre obtém-se os melhores resultados. A prevenção, neste caso, seria a melhor opção, evitaria que os trabalhadores adoecessem e como a vida destes trabalhadores tem pouco da beleza da ametista, as complicações de saúde dos garimpeiros são graves, com grande incidência doenças causadas em decorrência a longa exposição ao pó de sílica. A mais comum nesta região é a asma ocupacional com tratamento clínico melhora.
Na extração, o grande valor pago pela pedra pode ser comparado com o grande peso carregado pelos trabalhadores, o que lhes causam problemas articulares, o repouso e a fisioterapia combinados aos medicamentos se obtêm boas melhoras, mas mutilações por acidentes, ações de reabilitação, além do pronto atendimento dos trabalhadores minimizam as sequelas. O mesmo não acontece com a silicose, que não tem tratamento eficaz, sendo tratado apenas às complicações que se associam à doença.
Longos túneis por debaixo do solo, causam curiosidade para quem não os conhece ou se quer imagina como é. E é desta forma escondem armadilhas perigosas, que causam graves acidentes de trabalho, enfrentados diariamente por estes guerreiros das profundezas. Os mais comuns são os acidente com eletricidade, com explosivos, de trânsito, queda de rochas, corpo estranho nas córneas, ferimentos de pele de toda ordem, ruído, esforços repetitivos, postura inadequada, erguimento exagerado de peso, poeiras e fumaças no ambiente de trabalho, solidão, monotonia, uso de drogas. E como tudo neste ‘mundo’ escondido debaixo da Terra, à ordem dos fatos segue, desta maneira estes perigos levam a agravos de saúde no curto prazo, como os acidentes; outros levam mais tempo para manifestar-se como doença, como é o caso da inalação de poeira mineral com sílica que pode demorar duas, três décadas para exibir a silicose.
Escondido, como as pedras, assim pode se dizer dos casos de silicose nas atividades garimpeira, mesmo exigido por lei, a obrigatoriedade da notificação dos casos de silicose, que é doença de notificação compulsória. “Todo o caso novo que diagnostico comunico a SMS para que se proceda a notificação. Os dados devem estar com a SMS. Acredito que tenhamos mais de três centenas de pacientes com silicose nos seus mais variados estágios. A subnotificação é flagrante. Há interesse em manter isso como está. Notificar tudo chamaria mais fiscalização à atividade garimpeira e mais dificuldades para a atividade. A Secretaria Municipal de Saúde tem o SIST instalado na unidade e procede as notificações. O hospital elabora as rinas e encaminha à SMS para alimentar o programa.” Explica o médico responsável pela maioria dos atendimentos no município, Sabino Bertão.
Quanto aos óbitos, também há subnotificação da silicose como causa. Porém, tenho registrado em Atestados de Óbito, todo ano, alguns casos em que a Silicose é, flagrantemente, a causa desencadeante das doenças que leva à morte os trabalhadores; estimo que sejam4 a5 casos todo ano. A idade, quase sempre é da 3ª ou 4ª décadas de vida. Isto poderia ser confirmado na análise dos Atestados de Óbitos dos últimos anos.