Leia abaixo o depoimento de Veni Pinheiro, funcionária que   fazia plantão na  farmácia localizada na frente da casa de Keli, onde todos se reuniam  pra se montarem de mulher onde transitavam e tentando programa.

 

Eu trabalhava pela parte da noite em uma das farmácias que fica na Rua do Comércio, que é onde eles moram e onde eles também ficam tentando programa. Sempre vi eles saírem todos juntos. Então eles andam por ali pra esperar os clientes, bebem, falam alto, riem, dançam nos canos das placas, tem um que coloca até peitos de mentira… aí, os carros param, eles entram e se vão. E olha, vou te dizer: metade dos caras que saem com eles são hipócritas e casados. São aqueles que pela frente abominam gays, mas saem atrás de programa com outros homens, fazem escondido para não serem “condenados”.

Mas como eu ficava acordada para poder atender alguns clientes que vinham atrás de medicamentos, a cena mais inusitada que eu vi foi quando um deles, um baixinho, loirinho veio comprar Viagra para o cliente, que era bem velho. Mas não tenho nada contra eles, até porque, acho que cada um faz o que quiser da sua vida. Não sei se eles fazem isso por dinheiro ou porque gostam. Mas a vida é deles. Acho difícil julgar isso como algo errado ou como algo certo: errado pra quem? Pra eles? Pra nós? Não sei até que ponto a prostituição deles nos prejudica, se é que nos prejudica. Se eles estão fazendo isso, é porque tem cliente. Eu acho que as pessoas conhecem eles sim. Lembro que eles saíam muitos em Sexta- Feira e ficavam circulando pelas ruas, claro que as pessoas viam, mas em geral não falavam, não faziam piada. Mas eu sei que alguns deles trabalham em alguns restaurantes, mas também acredito que poucos devam saber que são eles que se prostituem aqui na Rua do Comércio.