Martina, a representação do mercado sexual frederiquense

Em meio a olhares distantes e um rosto cabisbaixo, conhecemos Martina Gonçalves (nome fictício), 30 anos. Ela, como tantas outras mulheres, trabalha como garota de programa há seis anos. Após desentendimentos com o ex marido agressivo, ela saiu de casa, e por necessidades, conheceu o submundo do mercado sexual. Entre ônibus e rodovias, saudades de casa e do casal de filhos, Martina saiu da cidade de Miraguaí e entre alguns contatos, conheceu os donos do atual prostíbulo em que trabalha e mora em Frederico Westphalen, situado as margens da estrada para Iraí-RS.

Vaidosa, Martina afirma que faz caminhadas diárias para cuidar do seu corpo, gosta do cabelo loiro sempre escovado e tem costume de usar pouca maquiagem, seu hobby longe do trabalho é acampar e entrar em contato com a natureza. Entretanto,  ficar em casa assistindo filmes é uma ótima opção. Ela afirma que a relação com as outras meninas da casa é familiar, uma auxilia a outra, e a coordenadora do local age como se fosse uma mãe para todas elas. “Tem vezes que se você dá um bom dia atravessado as meninas já reconhecem, ó fulana não tá boa hoje, você tá bem, quer conversar? É bom muito esse apoio”.

Perguntamos em quantas elas trabalham no estabelecimento e descobrimos que atualmente seis mulheres atuam na casa, entretanto, Martina já trabalhou com 17 garotas. Algumas passam 15 dias no prostíbulo, outras são fixas. Nessa casa, a alimentação e a limpeza do local é feita por uma doméstica e nenhum desses serviços é cobrado das garotas de programa. Cada uma tem seu quarto particular com seus objetos pessoais, inclusive Martina, tem uma cadelinha companheira para todas as horas. “Tem dias que bate um desanimo, uma saudade de casa e dos filhos, eu me tranco no meu quarto, choro e a ela (dog) pega o brinquedo para me distrair”, afirma.


Em um emprego como todos os outros, certo percentual dos lucros ficam para os chefes e empregados. Com o mercado sexual não é diferente: o preço de cada programa fica para as profissionais do sexo e o valor do quarto e das bebidas ficam para os dirigentes da casa. O preço mínimo da hora do programa é de 150 reais, mas as garotas ainda ganham comissão pelas bebidas consumidas pelos clientes. “ O perfil de quem vem aqui varia muito, vai do novinho ao vovô”, afirma Martina.

Diferente do que alguns produtos audiovisuais representam do mercado sexual, as garotas dessa casa de programa não ficam presas no prostíbulos. Elas tem seus dias de folga e podem ter contato com a família. Como em qualquer boate, existem seguranças nessa casa. A gerente coloca ordem e não deixa que as meninas fiquem em maus lençóis nem que haja brigas dentro do prostíbulo. Martina, depois de nos contar que se sente segura, acrescenta ainda que elas podem escolher seus clientes.

Com sonhos e objetivos a serem realizados, os olhos olhos marejados confirmam as experiências que formam a mulher que ela é hoje, Martina encerra nossa conversa contanto que daqui a dois anos pretende sair da prostituição e lutar para retomar sua vida e a guarda dos filhos, para quem daria sua vida. Ela é mais uma mulher que aprendeu cedo a ser forte e amadurecer com as peripécias que nossas escolhas por vezes nos pregam. É com um sorriso no rosto que ela se despede da reportagem mostrando que as dificuldades e metas, são iguais a de todos nós, e que o preconceito, já não cabe mais aos padrões para as garotas de programa que trabalham nessa casa.

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