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O CIGRES e sua rotina diária a favor da população

O Consórcio Intermunicipal de Gestão de Resíduos Sólidos, CIGRES, localizado no município de Seberi – RS, foi criado em 2007, e tem como objetivo auxiliar os municípios da 31 municípios da região noroeste do estado do Rio Grande do Sul,  na destinação do lixo sólido urbano produzido, como também ajudar no desenvolvimento de práticas sustentáveis que visem a preservação e cuidado do meio ambiente.

Atualmente, o consórcio está sob a coordenação de Antonio Mauro Cadorin, e segundo o próprio coordenador “O trabalho que realizamos no CIGRES ajuda tanto no desenvolvimento da região como na saúde dos habitantes. Ter cidades limpas e ao mesmo tempo ajudar o meio ambiente é bom não somente para o Rio Grande do Sul mas para todo o mundo”.

Foto: Augusto Streck

O processo de separação dos resíduos acontece da seguinte forma: após a coleta dos resíduos em cada município consorciado, com transporte contratado pelo próprio município, os resíduos chegam ao CIGRES em um “caminhão do lixo” e vão direto para a balança, onde é pesado por dia, cerca de 70 toneladas de resíduos.

Segundo o prefeito de Erval Seco, uma das cidades consorciadas, Leonir Koche, a coleta seletiva em sua cidade funciona da seguinte maneira: “Nós temos contrato com uma empresa terceirizada que recolhe o lixo três vezes por semana, e recolhe em toda a cidade, em todos os bairros do município e leva para o CIGRES. Isso é feito de uma forma bem ordenada que se consiga recolher todo o lixo da cidade, e está funcionando muito bem. Nós estamos ainda trabalhando para fazer a separação do lixo orgânico do lixo seco, que é uma questão cultural que nós estamos trabalhando aos poucos para ver se mudamos essa cultura de misturar os dois lixos”.

Foto: Bruna Tomaselli

Dando continuidade ao processo, tudo o que vem dentro dos caminhões é despejado em uma esteira, e lá, um ou mais funcionários são destinados a separar determinados tipos de resíduo, sacolas plásticas, produtos pessoais, vidros, papelão, entre outros, e coloca-los em “barris”, onde outros funcionários darão continuidade ao processo.

Os resíduos que não estão entre os mais de 40 itens aproveitados, chegam ao final da esteira e são destinados ao aterro, ou seja, não tem como ser reaproveitados. “O aterro que recebe hoje 85% do lixo que entra no CIGRES, fica dentro dos 27 hectares do CIGRES, e somente 1/3 da área é ocupada atualmente, o restante é uma reserva para o futuro, porém contamos com projetos para reduzir este valor”, conta Cadorin. Os materiais que são reciclados são vendidos a empresas particulares, daí que vem o lucro do CIGRES, assim como a parcela que é usada para a melhoria do local, bonificações entre funcionários e uma quantidade também volta aos municípios consorciados, ou seja, além de ajudar a preservar o meio ambiente, os municípios ganham uma porcentagem em dinheiro para incentivar a um futuro sustentável das cidades.

Todo o lixo que chega no CIGRES passa pela esteira local onde ocorreu a intoxicação dos funcionários.

O CIGRES, assim como os municípios consorciados, devem seguir questões ambientais rígidas impostas pela FEPAM , instituição responsável pelos licenciamentos ambientais no Rio Grande do Sul. A questão ambiental é fiscalizada por este órgão, por isso o CIGRES  precisa estar sempre adequado para continuar a ajudar o meio ambiente.

Porém, este consórcio não funciona sozinho. O trabalho se inicia na casa da população, e é aí onde muitas vezes o processo dá errado. A reciclagem é uma tarefa importante que começa dentro das nossas casas, apenas separar os materiais entre orgânicos e recicláveis, já ajuda muito quem depois tem uma grande função pela frente, separar 70 toneladas de lixo por dia. Os materiais clandestinos são os que além de causar prejuízo ao CIGRES ou a qualquer empresa de gestão de resíduos gera poluição, afetando o meio ambiente e funcionários. Lâmpadas, materiais hospitalares são os mais comuns, até feto humano já passou pela esteira de separação, contam os funcionários, e quando chegam ao CIGRES, são destinados à locais corretos e a prefeitura do município que encaminhou é informada.

O cotidiano do CIGRES

O Lixo no Brasil e Rio Grande do Sul

Mesmo com o passar do tempo a situação do lixo no país pouco se alterou nos últimos anos, em relação ao destino correto do lixo produzido, mostram dados do Globo Natureza. Em 2013, 41,7% do lixo produzido era depositado em locais inadequados, como lixões e aterros.Nos últimos 11 anos, segundo dados do G1, o aumento da produção de lixo no país foi muito maior do que o crescimento populacional. De 2003 a 2014, a geração de lixo cresceu 29%, enquanto o crescimento populacional foi de 6%. Em média, cada pessoa produz por ano 1,062 kg.

A DESTINAÇÃO DO LIXO PRODUZIDO NO RIO GRANDE DO SUL EM 2010

No Estado, das 3.599.604 residências, 3.314.425 contam com sistema de coleta de lixo por serviço de limpeza ou caçamba, dessa forma corresponde a 92,08%, taxa de atendimento superior a brasileira. Entre os 496 municípios do Estado, 154 têm percentuais de atendimento igual ou superior ao do Estado.

Hoje, apesar de ser mais evidente este problema em países subdesenvolvidos, por falta de políticas assistenciais, o lixo é tratado no mundo todo como um dos maiores desafios a serem combatidos para tornar o planeta cada vez mais sustentável. Não apenas um problema de carácter ambiental, mas de saúde e qualidade de vida, por isso, ações como reciclagem, reaproveitamento, queima de resíduos para a geração de energia, entre outros são realizadas a muito tempo, em escala pequena, porém visando a sustentabilidade. Bem como na maioria das cidades que contam com diversos programas de incentivo à redução desses resíduos, e além de tudo dispõem da coleta de lixo, onde ele é levado à locais para a sua separação e depois o destinam à locais corretos, configurando-se este tipo de ação como um dos principais serviços públicos.

Foto: Bruna Tomaselli

Dados de Frederico Westphalen, município que faz parte do consórcio

A intoxicação de 18 funcionários do CIGRES

19 de julho de 2018 irá ficar marcado na história do CIGRES. Funcionários do primeiro turno do CIGRES chegaram como sempre no horário normal e começaram a separação. Mais um dia de muito lixo e descaso por parte da população. No turno da manhã chega um caminhão com mais resíduos para serem separados, e quando o lixo é despejado na esteira de separação deu iniciou ao maior acidente de trabalho da história do CIGRES.

A imprudência gerada por pessoas muitas vezes ocorre por não saberem o que estão fazendo ou por não terem informações e até pela ignorância. Esses são um dos grandes fatores que acarretam ainda mais o problema do lixo no mundo. Apesar de todas campanhas e projetos a favor do meio ambiente e da construção de um mundo cada vez mais sustentável, a população ainda sofre pela falta de informações básicas e estruturas muitas vezes no próprio município. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a produção de lixo no mundo deve aumentar de 1,3 bilhões para 2,2 bilhões de toneladas até 2025. Segundo especialistas da entidade, o descarte correto de materiais é imprescindível para um desenvolvimento sustentável.

Assim como no CIGRES, a imprudência de despejar materiais em locais errados geram problemas graves para quem depois tem o serviço de separá-los, dando uma vida mais longa a esses materiais e ajudando o meio ambiente, além de poder prejudicar os funcionários com materiais tóxicos e até com materiais separados de forma errada, como o vidro, por exemplo.

Conheça a rotina de um funcionário do CIGRES

Apesar de muitas vezes os municípios acarretarem de suporte e investimentos para a redução do lixo produzido, simples ações feitas em casa resultam em melhorias que não serão sentidas somente agora, mas com certeza no futuro também.  Esse é um dos objetivos da Agenda 2030 da ONU , com 17 objetivos de transformar o mundo, entre eles o objetivo 6 que inclui também:  Até 2030, melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e minimizando a liberação de produtos químicos e materiais perigosos, reduzindo à metade a proporção de águas residuais não tratadas e aumentando substancialmente a reciclagem e reutilização segura globalmente.

Alguns países, como a Alemanha por exemplo, que é líder mundial em tecnologias e políticas de resíduos sólidos e possui os índices de reaproveitamento mais elevados do mundo, busca até o final desta década alcançar a recuperação completa e de alta qualidade dos resíduos sólidos urbanos, zerando a necessidade de envio aos aterros sanitários, hoje com o índice menor que 1%.

Embora o Brasil ainda não está no mesmo patamar da Alemanha na questão lixo, empresas como o CIGRES no Rio Grande do Sul e outras pelo país inteiro buscam melhorias através da reciclagem e reaproveitamentos de materiais que já foram descartados. Porém, na busca de um mundo cada vez mais sustentável e autossuficiente ainda há barreiras, que somente serão quebradas com o tempo e com a conscientização de todos. Tudo começa dentro de nossas casas. Ajude o planeta.  

Conclusão dos autores:

Para muitos falar ou escrever sobre o lixo pode ser algo repetitivo, porém muitos não sabem e não tem a consciência ainda do que isto representa para o planeta. Concluímos e percebemos, somente após a realização deste projeto a após várias visitas ao CIGRES, conversa com funcionários e coordenação a importância que temos na construção de um mundo sustentável. Conhecendo como tudo funciona, agregamos ainda mais importância no que diz respeito a consciência do lixo e a sua destinação correta. Também, a relevância de se dar voz e visibilidade as pessoas que trabalham com o lixo, pois são elas que depois do trabalho realizado em nossas casas, destinam o futuro de cada resíduo.

Autores: Augusto Streck, Bruna Tomaselli e Maicon Ferreira