Pop Art: arte crítica, colorida e criativa

A arte é um luxo da alta sociedade? Não mais. Descontentes com a inteligente cultura das pinturas expostas nas galerias, museus e sofisticadas residências, surge na Inglaterra o Independent Group, um grupo de artistas que decide trazer a arte para perto das “grandes massas” e brincar com o imaginário comercial de uma sociedade capitalista. O popular toma cor e forma, mistura, inova e vira moda. É chegada a era da Pop Art, o movimento que optava por destruir os muros existentes entre a arte e a vida e fazer a mais colorida crítica a falta de criatividade da sociedade em seu mercado publicitário.

Esses artistas, após estudarem a cultura das massas e da indústria cultural, que colocavam o público como já psiquicamente dependentes de uma sociedade capitalista, viram que poderiam desmistificar o hermetismo impregnado nas artes plásticas e trazê-las para o dia-a-dia da população. Como isso foi possível? Simples: Empregaram a arte na publicidade de produtos que toda e qualquer dona de casa colocava diariamente em seu carrinho de supermercado, nos esculturais rostos de Hollywood e em outras coisas mais que despertavam o consumista interesse da população.

Apesar de alguns apreciadores da pop art afirmarem que não existiu movimento crítico ou social algum na pop art, essas intenções são amplamente claras no trabalho dos principais representantes dessa fase. Com o pós-guerra na Inglaterra, a população fica deslumbrada com o chamado “american way of life”, que vangloriava os EUA e proporcionava à cena artística pop um infinito leque de possibilidades para marcar a publicidade com desenhos e pinturas de tudo aquilo que tornava os lares americanos tão atraentes aos olhos do mundo.

Um dos primeiros artistas a usar de criatividade artística comercial foi o lendário Roy Lichtenstein, nova-iorquino que usava dos clichês das histórias em quadrinho para criticar a banalização dos cartuns e a falta de interesse do leitor por uma linguagem aprimorada, rica e articulada, agora baseada em uma leitura cômoda e esteticamente atraente. Lichtenstein através de suas técnicas mostrava que o consumismo não estava baseado no conteúdo da mensagem em si, mas sim em seu caráter descartável e obsoleto, já que ao ler as tiras o esquecimento do leitor pelo seu conteúdo e a falta de interesse em uma análise do trabalho eram aspectos quase que imediatos.

Outro expoente do movimento e talvez o mais famoso precursor da arte pop foi Andy Warhol, um crítico sarcástico e irônico do sentido linear e padronizado dos gostos da sociedade perante à indústria cultural, sem contar imagens publicitárias de produtos lendários como a coca-cola e as sopas Campell. Pra quem não lembra de já ter visto algum trabalho em Pop Art, lembre-se de Marilyn Monroe e ligue as informações. Lembrou? Alguns ousariam afirmar que a fama da escultural atriz americana se deve em grande parte ao trabalho de Warhol, que vale lembrar também teve seus trabalhos na história de bandas como Beatles e Velvet Underground (Sim, foi Warhol que desenhou a famosa banana da capa do CD da Velvet).

Só no Orkut existem mais de 5O comunidades relacionadas à Pop Art, sendo que a maior conta com quase 14 mil integrantes que diariamente discutem o movimento (que para alguns deles não é movimento), trocam idéias e divulgam seus próprios trabalhos na área – para comprovar o que estamos falando, veja o box ao lado.

Se antes a critica do consumismo das grandes massas se dava através da retratação de seus próprios símbolos, estampados em outdoors e nas telinhas das casas de família, hoje esse trabalho volta com tudo para marcar a cena alternativa de uma cultura jovem e moderna, deixando em exposições, paredes e camisetas, uma mescla entre old e underground e mostrando que o velho pode inovar sem deixar de permanecer orgulhosamente velho.

Tainan Tomazetti / Da Hora

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