
Paulo Zarth, Frei Sergio Görgen e participantes do II ERA Sul, durante o relato dos grupos. Foto: Andreia P. Eckhardt.
Contando com mais de 300 pessoas, as atividades do II Encontro Regional de Agroecologia do Sul, em Frederico Westphalen, trouxe pela parte da tarde no dia 28 de abril, o 1º painel geral, com a temática “História, processo de ocupação e formação territorial da Região Sul e a situação atual da região, quais os sujeitos atuantes na Agroecologia”. Para explanar e debater sobre o tema, foram convidados o Prof. Dr. e escritor, Paulo Zarth, e o representante da Direção Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores, Frei Sergio Görgen.
Foi usada a metodologia da explanação do tema pelos dois palestrantes, e posteriormente foram realizados debate em pequenos grupos, os quais trouxeram para a plenária as dúvidas e questionamentos elencados pelos mesmos. Após, foi concedida a palavra aos palestrantes novamente, para que estes pudessem responder a tais duvidas.
O professor Paulo Zarth fez uma comparação entre os conceitos Cientifico e Popular: “o científico também é popular, o camponês também é um pesquisador e na Agroecologia é mais importante ainda pelo seu dia a dia, e o pesquisador precisa ser um pouco camponês”. A ideia de que o científico vem da academia faz parte de uma falsa visão, onde historicamente esta se apropria deste conhecimento, sistematiza e apresenta em congressos. “A Agroecologia não é um conhecimento, um conjunto de técnicas, que passa da cabeça de um técnico para a cabeça do outro, do computador de um técnico para o computador do outro, sem antes passar por nenhuma terra de um agricultor”, ressalta Frei Sérgio Görgen.
Frei Sérgio destaca ainda a origem do conceito de Latifúndio e de Agricultura Camponesa, afirmando que no Latifúndio o trabalho submete a exploração da mão-de-obra, enquanto a Agricultura Camponesa é sustentada pelo trabalho da família. A produção gerada pelo Latifúndio tem como destino a exportação, enquanto que a Agricultura Camponesa, apesar de possuir 24% das piores terras, produz 70% da comida que vai à mesa do povo brasileiro (dados do Censo 2006).
Zarth concluiu dizendo que “já não é mais possível esconder os níveis de agrotóxicos encontrados nos alimentos”. Cada brasileiro consome em média 5,2 litros de agrotóxicos por ano, conforme dados da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Relembrou o fato ocorrido em 2011, quando foram encontrados resíduos de agrotóxicos no leite materno no município de Lucas do Rio Verde no Mato Grosso, região esta de predomínio do Latifúndio. Destacou ainda que “o Campesinato chega à frente deste quando falamos em tecnologia de produção e respeito ao ambiente, onde a produção agroecológica é vista como um campo de disputa de poder, nem sempre aceito facilmente do ponto de vista político e ético”.
À noite, aconteceu uma integração entre os participantes do II ERA Sul, a qual contou com uma mini-feira com exposição de livros, produtos artesanais, comidas e bebidas produzidas pela agricultura camponesa, bem como música ao vivo com palco liberado para os participantes. Dando sequência ao evento na manhã seguinte, 29, haverá o 2º painel geral. Após, serão realizadas as oficinas e vivencias na região.
Adilvane Spezia e Andreia Primaz Eckhardt / Da Hora
OBS: matéria enviada originalmente pelas autoras às 8h53 de 29/04, mas postada apenas posteriormente pela equipe da Agência Da Hora por problemas técnicos.
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