Beneficiários da reforma agrária recebem treinamento para análise do solo por meio de projeto de extensão

Desde maio de 2012 vem sendo desenvolvido no Centro de Educação Superior Norte, o CESNORS, um projeto de extensão intitulado “Formação agroecológica, com ênfase em cromatografia do solo para beneficiários da Reforma Agrária” pelo departamento de Engenharia Florestal. O trabalho em sua totalidade tem apoio do FIEX, o Fundo de Incentivo à Extensão da UFSM. Ele conta com a participação de três alunos do oitavo semestre de Engenharia Florestal, Janaína Betto, Maurício Piazza e Mauren Buzzatti, que é subsidiada por bolsa, atuando sob a coordenação do professor e doutor Oscar Agustín Torres.

Acadêmicas pesquisadoras confeccionam material para aplicação dos testes

Os trabalhos são desenvolvidos com agricultores e jovens dos assentamentos 29 de Outubro em Trindade do Sul, e Nossa Senhora Aparecida em Pontão, no estado do Rio Grande do Sul. Primeiramente se trabalha com uma explanação e demonstração do trabalho, com reunião previamente marcada, e em seguida busca-se inserir o agricultor na prática da análise. São utilizados diversos objetos e produtos químicos para a apreciação do solo que são levados pelo grupo de extensão até o local, essa é a chamada cromatografia. A bolsista Mauren destaca que nela se tem uma análise por meio das cores. Após a aplicação de produtos químicos no solo e em determinada situação, (como uma base de papel alumínio) pode-se verificar uma mudança de cores, na qual a partir destas tem-se um panorama do estado do solo.

O projeto tem um cronograma de aplicação e desenvolvimento, já tendo realizado uma visita em cada assentamento, além de até o fim desse mês estar se providenciando um retorno para ver como estão se dando os testes, segundo as expectativas da bolsista Mauren. Ela ainda ressalta a possibilidade de uma publicação posterior do mesmo.

A escolha dos assentamentos não se deu por um motivo específico como relata Torres, mas sim por uma facilidade de contatos e parceiros, além de destacar que para se aplicar um projeto de extensão necessita-se de um grupo pré-disposto a aprender.

No Assentamento Nossa Senhora Aparecida os trabalhos acontecem por meio do Instituto Educar, e nesse sentido Torres destaca a transmissão de conhecimento aos mais jovens, no qual se pode incentivá-los a permanecer na agricultura, trabalhando de forma harmônica com os fatores naturais. A estudante Mauren também destaca o lugar estratégico a se trabalhar, no qual em Pontão se contam com muitos jovens que podem aprender e repassar para suas famílias.

A análise do solo apresentada aos agricultores pelo projeto, busca trazer a tona a facilidade de se manejar e analisar o solo, de modo que se torne mais barato para o agricultor, como ressalta Mauren. Paralelamente a isso busca-se colocar o agricultor autonomamente em relação ao tratamento do solo, de forma que este possa cuidá-lo quando necessitar, sem a ajuda de terceiros.

É pensando em unir o homem e a natureza no processo de conhecimento do solo que esse projeto tem seu objeto. Torres destaca a importância de se trabalhar essa questão de forma que o ser humano não seja um mero receptor, mas faça parte do sistema de análise do solo.

Os deslocamentos até os assentamentos deveriam estar incluídos no valor advindo do FIEX, porém tanto a bolsista quanto o coordenador destacam a falta do mesmo, no qual as viagens foram pagas pelos próprios alunos com a ajuda do coordenador.

Torres explica que o solo é a base de toda a agricultura, “seja orgânica ou a praticada por meio de agrotóxicos”, e quando esta não vai bem, há um desencadeamento de uma série de conseqüências e desencontros “tanto na produção quanto na própria alimentação das pessoas”. Desse modo mais que uma análise de solo, busca-se repassar uma visão mais abrangente da questão produtiva e alimentar, destaca o professor.

 

A bolsista Mauren relata que seu projeto futuro é trabalhar na área de extensão, ou ainda fazer mestrado em extensão. Ela ressalta a importância de levar esse conhecimento até o agricultor que não vai ser tão dependente de outras empresas, e sim desenvolver sua autonomia com relação a utilização do solo, além de um custo menor. “Eu acredito nesse instrumento que pode trazer benefícios para o campo” enfatiza Mauren.

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