Ocorreu, no último dia 14, o III Encontro de Alunos com Deficiência da Universidade Federal de Santa Maria. O evento reuniu estudantes, técnicos-administrativos e professores para uma discussão sobre experiências, direitos e deveres dos deficientes. O evento foi realizado no Auditório do Colégio Politécnico da UFSM, em Santa Maria.
A abertura do evento se deu com a palavra do Reitor, prof. Felipe Martins Müller, que destacou a importância da adaptação das universidades para receber alunos com deficiência. “A Universidade está caminhando para conseguir eliminar as barreiras arquitetônicas, mas é necessário também se trabalhar as barreiras atitudinais das pessoas,” afirmou o Reitor.
Dando sequência às atividades, o prof. José Luiz de Moura Filho discutiu sobre os direitos e deveres do cidadão com deficiência. Ao citar as cotas existentes para ingresso nas universidades, ressaltou que “essas cotas não favorecem a ninguém, e nem trazem prejuízo aos ditos “normais”, como muitos pensam. Pelo contrário, as cotas proporcionam mais igualdade e oportunidade às pessoas”. De acordo com Moura, “não existem portadores de deficiências especiais e, sim, portadores de capacidades especiais”.
Em uma mesa redonda, profissionais com deficiência relataram experiências e dificuldades enfrentadas por eles.
Silvana Leal Fagundes conta que era acadêmica de Engenharia Florestal quando perdeu totalmente a visão, aos 23 anos, por consequência da Diabete. “No início foi complicado, mas, a partir do momento em que eu aceitei e tratei a cegueira com naturalidade, tudo ficou mais fácil”, conta. Três anos mais tarde, Silvana já ingressava novamente na universidade, desta vez como aluna de Educação Especial. “Encontrei muitas barreiras, inclusive de colegas, mesmo sendo um curso de Educação Especial.” Formada há dois anos, ela trabalha como voluntária na Associação de Cegos de Santa Maria.
Mauro Felipetto, assistente de administração na Secretaria de Graduação do Colégio Politécnico da UFSM, sofreu uma paralisia infantil aos 2 anos de idade e é cadeirante. Primeiramente, falou sobre a importância da família para sua formação como pessoa. “Minha mãe sempre me tratou igual aos meus irmãos, não é porque sou deficiente que sou diferente dos outros”. Graduando em Ciências Contábeis no Polo da Faculdade Anhanguera, de São Pedro do Sul, Felipetto ressaltou que existem, sim, cotas para deficientes, mas, após o ingresso no ensino superior ou no mercado de trabalho, todos são iguais, “realizamos as mesmas atividades que os demais e, muitas vezes, precisamos “provar” que somos capazes.”
O Coordenador do Curso de Educação Especial da UFSM, Wilson Miranda, contou que nasceu surdo. “Quando era pequeno, as pessoas queriam me “obrigar” a falar”. Quando ingressou no ensino superior, conheceu o sistema de Libras. “Foi a partir daí que eu percebi que essa era a minha língua”, desabafou. Em relação aos vestibulares, salientou a importância de haver um profissional habilitado em Libras para ajudar na correção das provas, pois a maioria dos portadores de deficiência auditiva não consegue ter um bom desempenho nas redações. “A língua portuguesa, para um surdo, é como se fosse a segunda língua, pois a primeira é a língua de sinais. É como se um brasileiro tivesse que escrever uma redação em inglês, por exemplo”, complementou Miranda.
Por fim, a coordenadora do Núcleo de Acessibilidade da UFSM, Profª. Nara Joyce Vieira, discutiu o tema “Aluno com deficiência: direitos e deveres”, defendendo a ideia de que “os direitos e deveres não estão separados, visto que, para cada direito, há um dever a ser cumprido”.
Rubia Steffens / Da Hora
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