As experiências do Intercâmbio Educacional

Letícia no Obelisco.

Acadêmica Letícia Waldow visita monumento histórico da cidade de Buenos Aires, o Obelisco.

Mudança de casa, cidade e escola assusta. Já imaginou tudo isso e, junto, a mudança de país? Alunos intercambistas sabem como é essa experiência.

Os motivos para querer fazer intercâmbio são diversos: conhecer uma nova cultura, passar pelo processo de adaptação em um ambiente desconhecido, aprender uma nova língua, mas o principal é adquirir conhecimento. Adicionar a palavra “intercâmbio” no currículo é um diferencial levado bastante em conta no mercado de trabalho, principalmente para os cursos que envolvem “comunicação social”.

Conseguir um intercâmbio não é uma tarefa tão difícil quanto parece. Todo semestre são disponibilizadas vagas em universidades de várias partes do mundo, basta ter vontade e se inscrever. O processo seletivo envolve pré-requisitos como: ser estudante do quarto semestre, estar regularmente matriculado no curso e se submeter a uma entrevista com a coordenação responsável. Se estiver tudo em ordem, uma boa desenvoltura na entrevista e um histórico escolar razoável, a chance de se tornar um intercambista é enorme.

Letícia Waldow, acadêmica do quinto semestre de Comunicação Social – Jornalismo da UFSM campus Frederico Westphalen, foi selecionada para fazer intercâmbio na Universidad de Buenos Aires (UBA), na Argentina, nesse primeiro semestre de 2013, e nos contará um pouco sobre as dificuldades e experiências que tem vivido por lá.

Quais as dificuldades que encontrou antes de chegar a Buenos Aires?

Letícia W. – Antes de vir para Buenos Aires, tive que passar por um processo seletivo que consistia em análise de histórico escolar, entrevista com o coordenador do curso e entrevista com a equipe da SAI (Secretaria de Apoio Internacional) da UFSM. Essa parte não foi muito difícil, mas quando eu fiz as entrevistas não estava muito confiante que ia ser aprovada para o intercâmbio, por isso foi uma surpresa quando vi o meu nome na lista dos selecionados.

Meus pais me levaram de carro até uma cidade que faz fronteira com a Argentina, e de lá até aqui eu vim de ônibus. A UFSM oferece uma ajuda de custo para pagar o valor das passagens. Viajar de ônibus aqui é super confortável e seguro, o único problema é que são muitas horas de viagem.

A parte ruim de tudo isso realmente é a burocracia. No Brasil antes de vir tive que encaminhar meu passaporte, reunir diversos documentos, fazer um seguro de vida e de saúde internacional e preencher o cadastro do intercâmbio. Aqui tive que fazer matrícula na faculdade (para isso também tive que reunir vários documentos) e encaminhar meu visto estudantil, que é um processo que exige diversos trâmites, tempo e dinheiro. Essa parte burocrática é a mais chata, mas a Universidade exige, e tudo isso dá segurança pro intercambista.

Referente ao espanhol: Você fala fluentemente? Nas aulas, consegue acompanhar ou sente muita dificuldade?

Letícia W. – Vim morar em Buenos Aires tendo feito apenas uma semana de intensivo em espanhol. Contando ninguém acredita. Mas é: nesse aspecto, vim na cara e na coragem. Também assisti a filmes e escutei músicas em espanhol para ir me habituando com o idioma antes de viajar, isso ajudou um pouco a não estranhar tanto no começo. Mas é impossível não estranhar. O que acontece é que aqui falar espanhol é uma necessidade, uso o idioma para tudo, então me obriguei a aprender. Mas muito se aprende perguntando e conversando. Em geral, as pessoas são bem prestativas pra me ajudar a aprender a língua.

Como estou morando com muitos outros estrangeiros (e para eles o espanhol é uma língua tão estranha quanto para mim), convivo com pessoas que falam devagar o idioma, não como a maioria dos argentinos, que falam muito rápido. Isso facilita a compreensão e me ajuda a aprender o idioma. Na faculdade, tenho professores bem compreensivos e que sempre se preocupam se eu estou conseguindo acompanhar as aulas. Tenho conseguido compreender bem, escutar e falar não é difícil, o mais complicado é ler e escrever em espanhol. Um trabalho que em português eu levaria certo tempo, em espanhol eu levo dez vezes mais.

Mas estou fazendo um curso de espanhol para estrangeiros, que tem que ajudado bastante a fazer os trabalhos acadêmicos.

É oferecida moradia para intercambistas?

Letícia W. – Aqui na Universidad de Buenos Aires não é oferecido um alojamento para os intercambistas. Cada intercambista recebe uma bolsa que serve para pagar alimentação e hospedagem. Então, cada estudante tem que buscar uma residência universitária ou um hotel para morar. Aí tem que saber administrar o dinheiro que recebe da universidade. Eu estou morando em uma residência universitária num bairro central e divido quarto com mais duas meninas, que são holandesas. Cada uma tem seus hábitos e costumes, mas convivemos muito bem e somos amigas. É legal poder trocar experiências.

Deixar os amigos e a família não é fácil. Qual a maior dificuldade que você encontrou até agora?

Letícia W. – É bem complicado, tem que ser muito forte e aprender a lidar com a distância. A minha maior dificuldade foi ter vindo sozinha. Eu fiz muitos amigos aqui, mas não é a mesma coisa do que ter alguém que tu já conhecia por perto e que fale o mesmo idioma. Mas como de toda a UFSM, para Buenos Aires veio só eu, acabei vindo sozinha e tendo que aprender a me virar sem a ajuda de mais ninguém. Sei que isso faz parte do aprendizado e, como eu nunca estive sozinha na minha vida, tem me feito crescer muito. Mas é bem complicado, e a saudade dificulta um pouco. Eu passei a ter saudade das coisas simples do meu dia-a-dia no Brasil, da minha rotina. Da segurança de estar na minha cidade, perto das pessoas que amo. Passei a ter saudade de coisas que eu nunca imaginei que teria.

Se pudesse dar algum conselho aos alunos que se interessam por intercâmbio, qual seria?

Letícia W. – Se inscrevam para fazer intercâmbio. Nesse programa, Escala AUGM, tu ganha bolsa mensal da Universidade de destino e a UFSM dá uma ajuda de custo para as passagens. É uma ótima oportunidade pra quem quer viajar, conhecer outra cultura a fundo e aprender outro idioma sem gastar muito. É uma experiência incrível, vale a pena. Para mim tem sido algo muito pessoal, tenho vivido coisas que nunca passou na minha cabeça que poderia viver. Vai muito além dos estudos, de estudar em uma Universidade em outro país. É toda a vida que muda radicalmente. Eu recomendo a todos que busquem viver uma experiência assim: conhecer outra cultura e viver isso por um semestre faz a gente crescer demais. Eu vou levar essa experiência comigo para o resto da vida.

Após os relatos da acadêmica Letícia, mesmo com todas as dificuldades, deu vontade de ser um intercambista, né? Para ter boas experiências, adquirir conhecimento e conhecer novas pessoas, os transtornos, por maiores que sejam, tornam-se mínimos.

 

Tácia Viero / Da Hora

 

 

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