Curso básico de audiodescrição é ofertado na UFSM-FW

Foto: Valquiria Tomaim.

Foi realizado na UFSM campus Frederico Westphalen, nos dias 23 e 24 de maio, um curso básico de audiodescrição para professores e técnico-administrativos. Intitulado “Audiodescrição: noções básicas para educadores”, pretende oferecer condições básicas para que profissionais da área da educação façam uso da audiodescrição em sala de aula. O curso teve carga horária de 16 horas e foi ministrado pela audiodescritora Letícia Schwartz, da empresa Mil Palavras Acessibilidade Cultural.

O curso abordou a audiodescrição como uma das ferramentas que possibilitam a inclusão cultural de alunos com deficiência visual. Audiodescrição é a tradução em palavras de toda e qualquer imagem necessária à compreensão do conteúdo audiovisual por parte de pessoas que estejam definitiva ou temporariamente impossibilitadas de ver.

Foto: Valquiria Tomaim.

Nesse contexto, Letícia explicou o que é deficiência visual e qual a diferença entre cegueira e baixa visão. Além disso, ressaltou que a terminologia correta para se dirigir a um cego é pessoa com deficiência visual, pelo fato de estar colocando a pessoa em evidência, sendo a cegueira apenas uma característica.

Foi realizada uma dinâmica, onde os presentes circularam pelos ambientes internos e externos da universidade com uma venda nos olhos e um acompanhante. Questionados, após essa experiência, sobre como se sentiram, eles relataram sensações mais fortes do vento, da temperatura, momentos de muito medo e todos manifestaram insegurança.

“Audiodescrição é a descrição, bastante objetiva, razoavelmente isenta, transmitida por áudio”. Letícia destaca que a audiodescrição se direciona não só a pessoas cegas, mas também a idosos, pessoas com dislexia, autismo, síndrome de Down… qualquer pessoa que tem contato com um deficiente visual, educadores, familiares, são beneficiadas.

Foto: Valquiria Tomaim.

Existe a audiodescrição estática, que é a descrição de objetos parados, como fotografias; e a dinâmica, que é a descrição de objetos em movimento, como vídeos. Para fazer a audiodescrição de um filme, são necessárias 4 funções: roteirista, narrador, consultor e técnico de áudio.

Letícia Schwartz conta que, inicialmente, começou produzindo audiolivros, em um projeto de produção de 3 audiolivros. “Para desenvolver o material, eu fui pesquisar junto ao público com deficiência visual, para saber como que eles gostariam que fossem esses livros. Foi nessa época que eu tive meu primeiro contato com pessoas com deficiência visual. A partir dessas conversas, eu fiquei sabendo da existência da audiodescrição”. Um ano mais tarde, Letícia fez um curso de audiodescrição promovido pela professora Lívia Mota, através da Vivo, em Porto Alegre.

Foto: Valquiria Tomaim.

Formada em Artes Cênicas, hoje Letícia tem uma empresa de acessibilidade cultural, “Mil Palavras”, onde trabalha como audiodescritora e roteirista. Também ministra palestras, cursos e consultorias em relação à acessibilidade. “Muito do que se está querendo em termos de mudança em toda a sociedade em relação à acessibilidade passa pela educação. Os educadores devem estar preparados para receber as pessoas com deficiência dentro das escolas, universidades e em qualquer ambiente. Devem estar prontos para atender a esses alunos, para que realmente a gente entre num outro momento de país, em que as pessoas com deficiência tenham como estar equiparadas a todo mundo em termos profissionais e culturais”, destacou Letícia.

O curso foi solicitado pelos professores do Departamento de Comunicação Social do Cesnors em 2012, em uma consulta que a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas da UFSM realiza anualmente, para levantar demandas de capacitações que deverão ser oferecidas no ano seguinte. Todos os docentes do Decom solicitaram à PROGEP esse curso. A professora Janaina Gomes, membro da Comissão de Acessibilidade da UFSM, foi a responsável pela tramitação até a realização do evento. Segundo ela, “não foi difícil encaminhar o processo e a PROGEP atendeu a todas as peculiaridades para a realização do curso. Tais peculiaridades envolveram a indicação da empresa, especializada em cinema, visto que durante a graduação de comunicação tem-se a necessidade de fazer produção audiovisual”.

Para esse curso, foram oferecidas 25 vagas, com 27 inscritos. Dentre esses, 15 professores do Decom, sendo que 11 compareceram. As outras vagas foram distribuídas entre os técnico-administrativos. Presume-se que, a partir de agora, existam pessoas com conhecimento sobre audiodescrição para atender alunos cegos em todos os setores do Cesnors de Frederico Westphalen.

 

Rubia Steffens / Da Hora

 

 

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