Um casal, seus artesanatos e muita estrada

Juliana expõe seu artesanato. Foto: Juliana Oliveira.

Muitas vezes, ao passar pela Praça da Matriz aqui de Frederico Westphalen, percebemos em um cantinho da praça um casal de índios, em sua banquinha, vendendo seus artesanatos. Esse casal trata-se de Zé Cunias e Juliana Antunes, pertencentes à tribo kaingang, moradores de Iraí que carregam consigo grandes histórias pelas estradas por onde que já andaram vendendo seus produtos artesanais.

O casal se conheceu em Lajeado, quando Zé foi descansar após um dia de vendas no acampamento em que Juliana morava com a mãe. Após algum tempo começaram a namorar, e Zé a trouxe para Iraí. Hoje já comemoram 8 anos juntos, com um filho chamado Tayson, de 6 anos.

É através do artesanato, herança que Juliana e Zé carregam de seus antepassados, que eles sobrevivem. Produzem produtos como pulseiras, colares, tereres para cabelo, chaveiros e filtro dos sonhos de diferentes tipos, tudo exigindo bastante paciência e delicadeza. Tiram a matéria-prima para os seus produtos da semente do açaí, e também costumam ir à cidade de Ametista do Sul para buscar pedras para a decoração de suas peças.

Contam que na temporada de verão acabam ficando mais pela região comercializando seus produtos artesanais, mas costumam ir para outras cidades mais distantes também, como Porto Alegre e Gramado, cidade que ressaltam ter adorado conhecer. Juliana conta que em suas viagens mais distantes o filho do casal, Tayson, fica sob cuidado da tia, irmã de Juliana.

Zé e Juliana viajam sempre carregando sua banca e seus artesanatos, e comentam que a recepção deles em cada cidade é diferente. Em Frederico Westphalen e Iraí costuma ser tranquilo, mas em outras regiões contam que já sofreram discriminações pelas suas origens e pelo seu trabalho, que ainda é mal visto pelas pessoas.

Produtos artesanais produzidos pelo casal. Foto: Juliana Oliveira.

O casal, que em 8 anos juntos já percorreu muitos caminhos, com muita história pra contar, carregam consigo a filosofia de sua tribo: lutar diariamente e com muita coragem. Almejam crescer na área do artesanato, ter uma banca maior, de forma a aumentar o lucro e a qualidade de vida de seu filho, para um dia poderem realizar o sonho de vê-lo formado.

 

 

 

 

Juliana Oliveira / Da Hora

 

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