Aumento do preço da erva mate preocupa produtores

Mesmo com o aumento significativo do preço da erva mate, as pessoas adeptas não abandonam o hábito de tomar o chimarrão. Foto: Rejane Fiepke.

Mesmo com o aumento significativo do preço da erva mate, as pessoas adeptas não abandonam o hábito de tomar o chimarrão. Foto: Rejane Fiepke.

A erva mate, símbolo da tradição gaúcha, foi descoberta pelos índios que no início utilizavam-na como tinta, e com o tempo foram percebendo que ela também poderia ser usada como estimulante na forma de chá, o que ajudaria muito os guerreiros nas batalhas. Começou a ser usada como bebida tradicional pelos gaúchos entre os anos 1830 e 1840, e hoje é considerada como um símbolo da identidade dos gaúchos. Porém, essa bebida tão apreciada que acompanha o dia-a-dia de muitos gaúchos e gaúchas de todas as querências tem vivido seus dias de crise.

Em algumas cidades, o preço da erva mate aumentou em até 100%, fazendo com que as vendas caíssem consideravelmente, deixando preocupados não somente os apreciadores da bebida, mas também os produtores, as ervateiras e os comerciantes, por se tratar de um produto muito procurado não somente no Rio Grande do Sul, mas também em outros estados.

Muitos são os fatores que contribuem para a escassez da erva mate: a colheita antes do tempo, que deveria ser de três em três anos e que alguns produtores estão colhendo de ano em ano; a extração das ervas para que seja plantada a soja; a utilização de produtos tóxicos, como venenos e outros tipos de substâncias que fazem com que a planta morra antes de produzir, principalmente as nativas; entre outros fatores. Segundo o ervateiro Ivan Batista Brizola, deve-se fazer uma proteção das ervas nativas, a adubação correta, o cuidado com a poda, e é preciso também que os produtores colham a erva na época certa para que não haja uma desproporção na produção.

Hoje em dia, é muito difícil encontrar produtores que ainda tenham pés de erva plantados em suas lavouras, pois a maioria deles está optando pelo plantio de outras culturas, por serem mais produtivas e poderem ser colhidas anualmente. Por isso, existe uma concorrência entre as ervateiras para conseguir principalmente as ervas nativas, que são consideradas as melhores por terem um sabor mais suave e por ser mais natural do que a erva plantada, que tem um sabor mais forte e leva em torno de sete a oito anos para produzir. Essa concorrência entre as ervateiras, e a dificuldade que elas têm de encontrar ervas nativas, está favorecendo também a exportação do produto para outros países, que fazem uso da erva não somente como chimarrão, mas também como tererê.

O estudante de Agronomia da UFSM-FW Jeferson Gromann diz: “eu acho que os produtores deveriam continuar suas produções mesmo baixando um pouco a produção, mas não interrompê-las. A erva é algo que rende uma boa renda, apesar de levar um bom tempo para poder começar a ser colhido, mas é algo bastante produtivo e não gera muitos gastos com manutenção, além de que, com a diminuição de produtores e de matéria, o preço tende a subir, tanto do produto bruto quanto do produto final, a erva de chimarrão”.

Carine Zandoná Badke / Da Hora

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