Reitor da UDESC antecipa visita ao campus de Pinhalzinho-SC por conta de desabamento de parte do teto

Protesto realizado na útlima semana pelas ruas do centro de Pinhalzinho-SC. Foto: Mônica Letícia Sperandio Giacomini.

Protesto realizado na útlima semana pelas ruas do centro de Pinhalzinho-SC. Foto: Mônica Letícia Sperandio Giacomini.

Na madrugada de terça para quarta-feira da semana passada, 11/09, o reboco do teto de uma sala de aula do prédio do campus da UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina) de Pinhalzinho-SC, no qual funciona o curso de Engenharia de Alimentos, desabou em cima das classes. Ao chegar de manhã, os alunos, professores e servidores perceberam o ocorrido e avisaram as autoridades. Imediatamente as aulas foram suspensas até esta sexta-feira, 20/09.

A partir daí os alunos, já indignados com outros problemas de infraestrutura, iniciaram uma onda de protestos pela cidade, para chamar a atenção do poder público em virtude da precariedade em que se encontra o edifício.

A iniciativa partiu do Centro Acadêmico e contou com a participação de todos os estudantes do curso. “Estamos bem unidos em busca de melhorias para nossa formação. Os professores são de ótima qualidade, o ensino aqui é muito bom, o que dificulta na nossa formação é a estrutura precária que temos”, afirma Thainara Tonini, acadêmica do quarto semestre e participante dos protestos.

Com a mobilização, os estudantes conseguiram antecipar a visita do reitor da UDESC, Antonio Heronaldo de Souza, que inicialmente estava marcada para se realizar na semana que vem, mas que aconteceu nesta sexta-feira, 20/09, com a presença de estudantes, professores e a direção do centro.

Acordos da reunião

sala de aula em que caiu o forro. (foto: Diego Kirsh / Jornal A Sua Voz - Pinhalzinho)

sala de aula em que caiu o forro. (foto: Diego Kirsh / Jornal A Sua Voz – Pinhalzinho)

Após a reunião, o professor chefe do Departamento de Engenharia de Alimentos da instituição, Gilmar Gomes, em entrevista a uma rádio local, falou sobre os pontos discutidos.

– Ficou acordado que não haverá mais aulas naquele prédio até ele ser totalmente reformado. O prazo para isso não ficou definido completamente, mas o edifício ficará paralisado por no mínimo um ano e meio.

– Outro ponto discutido foi o aumento de investimentos em pesquisa e extensão e a oportunidade de trazer mais um curso de graduação para Pinhalzinho (Engenharia Química). O reitor se comprometeu em buscar esses recursos a mais para o campus.

– Os estudantes também querem um trevo de acesso ao campus, pois é um local perigoso e com ocorrências de vários acidentes. Esta pauta já foi encaminhada ao DNIT e espera aprovação do mesmo para ser concretizada.

– Porém, surgiu um ponto sobre o qual não houve consenso. Em qual prédio, a partir da próxima segunda-feira (23/09), dia previsto para o retorno das aulas, os alunos irão ter as disciplinas teóricas e práticas em laboratórios? A demanda é de aproximadamente 15 salas para poder dar conta de aulas teóricas e experimentais em laboratórios.

Há um prédio alugado recentemente pela UDESC, uma antiga fábrica de sucos, mas que será utilizada apenas como usina para produção de material e produtos. O prédio não possui janelas e o telhado é composto por folhas de zinco (material que retém muito calor), tornando este espaço impróprio para aulas. A expectativa da direção do centro é de fazer uma parceria com uma faculdade local ou com alguma outra instituição, pública ou privada, para alugar algum espaço onde serão ministradas as aulas a partir de agora.

História

Prédio da UDESC aonde desabou parte do reboco do teto de uma sala de aula. Foto: Juliano Zanotelli / Agência RBS.

Prédio da UDESC aonde desabou parte do reboco do teto de uma sala de aula. Foto: Juliano Zanotelli / Agência RBS.

O campus da UDESC de Pinhalzinho oferece o curso de graduação em Engenharia de Alimentos, que conta com aproximadamente 230 alunos e 25 professores (23 com doutorado). Já se formaram 150 acadêmicos em nove anos de atuação da Universidade no município.

O prédio foi construído entre os anos de 2003 e 2004 e inaugurado em 2005, com verbas oriundas do fundo de orçamento exclusivo da UDESC, que ficam em torno de 2% da receita do Estado de Santa Catarina – em 2012, foram mais de R$ 200 milhões destinados à Universidade. A Prefeitura Municipal na época ficaria encarregada de licitar a empresa construtora e fiscalizar a execução da obra. Porém, desde o primeiro ano de uso do espaço, era notória a má qualidade dos materiais utilizados na construção e as infiltrações e goteiras no prédio. Além disso, descobriram-se irregularidades na licitação.

Por conta disso, o Ministério Público de Santa Catarina embargou o prédio e abriu um processo contra gestores municipais e diretores da empresa construtora à época. Com o embargo, ficou impedido qualquer tipo de modificação em sua estrutura, até que as suspeitas fossem apuradas. Mas há algumas semanas a UDESC conseguiu a liberação na justiça para realizar uma reforma geral no prédio. Porém, nesse meio tempo houve o desabamento de parte do reboco do teto, e o futuro do prédio precisará aguardar novas decisões judiciais e da reitoria.

Declarações

O prefeito Fabiano da Luz declarou que “nós conversamos com os alunos e vamos aproveitar a visita do reitor e do governador para pressioná-los a tomarem uma decisão com relação ao prédio. O prédio é deles [Estado e UDESC] e eles não estão fazendo as reformas e manutenções necessárias. O compromisso da prefeitura na época era construir o prédio. A partir daí, não era mais a responsabilidade da prefeitura. Apesar de que o ex-prefeito e o engenheiro da época respondem a um processo a respeito”.

Em nota oficial a Universidade do Estado de Santa Catarina reconheceu o acontecimento e lamenta o ocorrido. Informou também que engenheiros da UDESC que vistoriaram o prédio afirmaram que foi um erro na construção e colocação do forro. “A Udesc Oeste reforça que o prédio foi construído pela Prefeitura de Pinhalzinho e cedido para uso da Udesc desde 2005. No entanto, o prédio está sob judice em virtude de problemas na licitação da construção realizada pela prefeitura e, por esse, motivo, qualquer reforma no local necessita de autorização judicial”.

Em outra nota o reitor Antonio Heronaldo de Souza lamentou também o ocorrido e disse estar ciente dos problemas do campus e está buscando soluções. “Estamos tomando todas as medidas possíveis. Já fizemos um laudo preliminar que indica que a queda não ocorreu por problema de manutenção ou infiltração, e sim por problema de execução na obra. Além disso, teremos um laudo detalhado para ter total segurança sobre as condições do prédio e solicitar que o juiz autorize as reformas necessárias”, informou o pró-reitor de Administração, Vinicius Perucci.

 

Adriano Dal Chiavon / Da Hora

 

 

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