Durante o Primeiro Reinado e Regência, vários impostos impediam a ampliação dos lucros dos fazendeiros sulistas em consequência do encarecimento do preço final do charque gaúcho. Não bastando os entraves tributários, a concorrência comercial dos produtos da região platina colocou a economia pecuarista gaúcha em uma situação insustentável. Buscando acordo com o governo central, os estancieiros gaúchos exigiam a tomada de medidas governamentais que pelo menos garantissem o monopólio sulista sob o comércio do charque. Não sendo atendidas as suas exigências, deu-se inicio ao movimento revolucionário como consequência do descaso das autoridades imperiais.
Um movimento especial de culto às tradições gaúchas, a Semana Farroupilha é uma homenagem a Revolução mais longa do Brasil, que durou quase dez anos. Relembra e comemora a bravura de um povo considerado forte e aguerrido.
Indiscutivelmente, Frederico Westphalen, embora pequena, é uma cidade universitária; sendo assim, recebe estudantes de todo o estado do Rio Grande do Sul e de todos os outros estados brasileiros. Diante de tantas diferenças, muitos que vêm de fora confessam que se sentem, muitas vezes, fora do país, afinal, são outros costumes, outros modos de falar, outras paisagens, outro clima e outros hábitos. Levando tudo isso em consideração, é interessante sabermos como eles veem essa preservação da cultura no estado em que residem atualmente e qual a sua opinião sobre isso.
Revelando sua opinião, Taluana Panizza, natural de Cascavel, no Paraná, e acadêmica de Jornalismo da UFSM/FW, confessa: “não tenho a maior admiração pelas músicas e danças, mas sim pelo jeito como eles levam esses costumes de geração para geração. Só quem faz parte realmente dessa cultura consegue entender o que é de fato ser gaúcho”. Seguindo com seu raciocínio, ressalta que “no Brasil é muito comum as pessoas desmerecerem nosso país, e, como os estados são o que o formam o mesmo, acabam não dando valor aos seus estados. Mas claro que todos eles têm suas próprias características que deveriam ser mais valorizadas”, concluindo assim a sua fala.
Trazendo sua visão mais sincera, Victor Pacheco, nascido em Salvador, capital da Bahia, e acadêmico de Tecnologia em Alimentos da UFSM/FW, destaca o gaúcho por ter conseguido preservar sua tradição, mas chama a atenção: “Embora todo tipo de cultura brasileira vem se perdendo muito facilmente ao longo do tempo, os gaúchos acabaram preservando mas, ainda assim, não fogem à regra. É muito difícil você ver um gaúcho aqui andando de bombacha, que é a imagem que nós temos lá de Salvador dos gaúchos daqui. O chimarrão é o que há de mais forte, um costume que não se perdeu, mas muitos já trocaram a bombacha pelo jeans”. Questionado sobre a preservação nos outros estados, Victor afirma: “Os outros estados deveriam se espelhar sim nessa preservação.”
Vindo de Ubatuba, litoral de São Paulo, Lucas Santos, acadêmico de Sistemas para Internet da UFSM/FW, dá ênfase à história do Rio Grande do Sul, trazendo-a como um dos principais motivos para tal preservação. Além disso, expressa sua opinião sobre o assunto: “Eu acho muito bonito, superinteressante. O RS teve uma história marcante, né? Então o pessoal, querendo ou não, cultua essa cultura, essa história”. Também opinou quanto ao resgate da cultura regional nas demais localidades do país, e revelou que “Seria interessante que outros estados puxassem essas raízes”.
Nascida em Punta del Este, Paraguai, porém tendo Gaúcha do Norte, no Mato Grosso, como sua última residência, Débora Theobald, também acadêmica de Jornalismo da UFSM/FW, revela sua admiração e cita a comunidade gaúcha em sua cidade: “Eu acho muito interessante. Na minha cidade, apesar de ser no Mato Grosso, há uma forte tradição gaúcha, mas não tão forte como aqui. Os costumes são preservados, mas não é algo tão enraizado. Aqui você vê as pessoas o tempo inteiro andando de bombacha, as pessoas acampando na praça tentando seguir como eles faziam antigamente. Eu acho muito estimulante pra você conhecer a cultura”. Ao dar sua opinião quanto à preservação da cultura, das raízes nos outros estados, Debora declara que “não adianta morar num lugar e não preservar a cultura, porque nós somos feitos de cultura, nós temos que preservar a cultura, homenageá-la.”
Ao chegar no Rio Grande do Sul, o choque cultural é muito grande. Aqui se encontram pessoas incrivelmente receptivas, amigáveis e que têm muito orgulho de levar no coração sua raiz, sua tradição e seu costume por todo lado. Pessoas que têm orgulho de dizer com convicção “eu sou do Sul”, que conquistaram liberdade através do tempo e como consequência de muita luta.
É assim que se sentem os “estrangeiros” ao chegarem nesse outro Brasil, o Brasil de Bombacha.
Vinícius Duarte / Da Hora
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