Futebol, um mundo de sonhos e realidades

A carreira de um jogador de futebol parece fácil, mas não é. Parece porque o público só acompanha a rotina de treinos, jogos e concentrações de jogadores brasileiros famosos. Porém, para chegar lá, existe um longo caminho a ser percorrido.

Antes de ser profissional, o rapaz passa pelas categorias de base, uma espécie de “escola esportiva”, onde aprende os fundamentos práticos e teóricos, e é lá, também, que moram os maiores sonhos.

Josué Cabral Bueno antes do treino na base do São Luiz . Foto: Andrei Schmaltz

Josué Cabral Bueno, 14 anos, goleiro das categorias de base do São Luiz de Ijuí  há quase um ano, diz que as dificuldades não são poucas. Entre elas, as de entrosamento e econômicas. “Por uma questão financeira, cheguei a ficar alguns meses sem ir ao treino, porque era eu que pagava a mensalidade e o ônibus, já que por ser um clube pequeno o São Luiz não paga seus atletas da base. Duas vezes por semana tenho que ir a Ijuí. E também porque comecei a dar ouvidos para que as pessoas falam. Me criticavam”, comenta. Ele conta também que o entrosamento com os atletas foi complicado no começo, mas suas amizades e seus sonhos o ajudaram a seguir em frente. “Sonho em jogar no próprio São Luiz no início da minha carreira, se eu conseguir ser profissional. Treino para isso, sonho em ser o arqueiro do rubro de Ijuí”.

Ele também destaca, como todo garoto, que possui ídolos em quem se inspira. “Meu ídolo é Cristiano Ronaldo, jogador do Real Madrid, da Espanha. Acho-o muito bom jogador e um dia sonho em chegar aonde ele chegou. Outro ídolo é o Leandro Guerreiro, que atualmente joga no Cruzeiro, de Belo Horizonte. Leandro morou na minha cidade, Augusto Pestana”, completa.

Leonardo Schmaltz. Foto: Esporte Clube São Luiz.

Depois que o atleta passa das categorias de base, ele assina contrato com algum clube e vira profissional. Alguns nem passam por times brasileiros e vão logo para países estrangeiros, outros ficam pouco tempo no Brasil e saem jovens para o exterior, e por alguma dificuldade acabam retornando. É o caso do jovem Leonardo Schmaltz , de 19 anos,  que aos 18 foi jogar no V.A.L Kastela, da Croácia. “Decidi jogar na Europa porque é um sonho desde criança jogar lá”, destaca. Quando indagado sobre os pontos positivos e as dificuldades, ele comenta que achou muito complicada a língua falada no local e, segundo ele, a comida também era diferente. “Eu não gostava”, falou. Como pontos positivos, destaca a perfeição dos estádios e a proximidade das cidades. Quando perguntado sobre seu retorno, ele fala, triste: “voltei de lá porque acabei machucando o joelho após um mês, aí operei e eles não tinham uma estrutura boa para eu me recuperar”. Mas ele não desiste do seu sonho, “e agora vou tentar ficar 100% do meu joelho para tentar algum clube novo por aqui”, finalizou.

E, para finalizar, temos aqueles jogadores que saem daqui jovens e vão para países pouco tradicionais do futebol, e são muito conhecidos por lá, porém, quase anônimos no Brasil. É o caso do jogador Flávio Beck Júnior, de 26 anos, volante da equipe Inter Baku, do Azerbaijão. Ele conta que sua carreira começou quando tinha 18 anos e assinou seu primeiro contrato profissional, com o time NK Solin, da Croácia, em 2005. Na sequência, passou por seis clubes, dentre eles o Energie Cottbus, da Alemanha, SK Flamurtari, da Albânia, Siroki Brijeg, da Bósnia, NK Marinbor, da Eslovênia, NK Buduknost, de Montenegro, onde foi mais vencedor, ganhando o Campeonato e a Copa Nacional, sendo escolhido o melhor jogador estrangeiro do país, e em 2013 foi transferido para o Inter Baku.

Flávio Beck Júnior, de branco, defendendo as cores do seu atual time. Foto: Assessoria de Imprensa Inter Baku.

Flávio disse que sonhou desde criança em ser jogador e tem muita vontade de voltar ao Brasil, já que, segundo ele, “o futebol brasileiro evoluiu muito, vemos jogadores indo da Europa para o Brasil. Isso é bom, hoje em dia tem  jogadores de muita qualidade, jovens com muito talento. O Brasil em si no futebol é uma vitrine mundial, ainda mais com a Copa do Mundo que acontecerá em 2014”.
No fim da entrevista, revelou que seu maior sonho sempre foi e continua sendo o de defender um grande clube gaúcho. “Meu sonho é defender a equipe do Grêmio”, encerra.

Todo ano, vários jovens brasileiros saem do país para jogar futebol, e a maioria da população nem fica sabendo. Qual seria a medida a ser tomada para segurá-los por aqui? O que fazer  para fortalecer nosso futebol só com atletas naturais daqui? Infelizmente, essas perguntas ainda não foram respondidas.

 

Mateus Zardin / Da Hora

 

 

 

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