Caso Bernardo: relação familiar duvidosa levou a polícia aos suspeitos do crime

Aconteceu hoje pela parte da manhã o velório do menino Bernardo Uglione Boldrini, que estava desaparecido desde o dia 4 de abril, em Três Passos. Milhares de pessoas foram até o ginásio de esportes do Colégio Ipiranga para prestar solidariedade à família do menino. Amigos e familiares dedicaram homenagens a Bernardo, que tinha apenas 11 anos e estudava no 6º ano no Colégio Ipiranga, de Três Passos. Às 3 horas da tarde, o corpo de Bernardo foi transladado Santa Maria, onde está sendo velado na capela do Hospital de Caridade. O sepultamento de Bernardo está previsto para as 10 horas da manhã de quarta-feira, no cemitério municipal de Santa Maria, no jazigo onde está enterrada sua mãe. 

Comunidade ficou abalada com o crime. Foto: Maira Dill

Comunidade ficou abalada com o crime. Foto: Maira Dill

Bernardo Uglione Boldrini estava desaparecido desde o dia 4 deste mês. Segundo o pai, Leandro Boldrini, o menino teria saído de casa para passar o final de semana na casa de um amigo, como de costume. No domingo à noite, dia 6, o pai registrou o desaparecimento do garoto junto à Delegacia de Polícia Regional de Três Passos, que iniciou uma força-tarefa para investigar o sumiço de Bernardo.

A delegada responsável pela investigação do caso, Caroline Bamberg, revelou que, desde o anúncio do desaparecimento do menino, foi montada uma equipe para trabalhar nas linhas de investigação. Com boatos de que o garoto havia sido visto em cidades vizinhas, inicialmente acreditou-se que Bernardo poderia ter realmente fugido de casa. Após depoimentos sobre o descaso dos tutores do menino, a Polícia Civil aprofundou a investigação sobre um possível homicídio.

Com a apuração de informações durante os dias do desaparecimento, um terceiro nome chegou até a Polícia Civil que se deslocou até a cidade de Frederico Westphalen para interrogar o suspeito. Um dos fatores mais importantes para o desfecho do caso diz respeito às imagens captadas pelas câmeras de segurança de um posto de gasolina da mesma cidade, que mostravam que Bernardo estava acompanhado de uma amiga da madrasta, Edelvania Wirganovicz, que passou então a ser uma terceira suspeita do crime. Em depoimento à polícia, ela teria apresentado contradições que levaram a mesma a confessar o crime e indicar o local onde o corpo estava enterrado.

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Delegada Caroline Bamberg, que investiga o caso, mostrou solidariedade para com a família. Foto: Maira Dill

A investigação seguiu até o local do crime. O corpo de Bernardo estava enterrado às margens de um rio situado na Linha São Francisco, interior de Frederico Westphalen.

Ainda na noite de segunda-feira, Edelvania foi encaminhada à Delegacia de Polícia Regional de Três Passos, de onde seguiu para o presídio da cidade. A delegada acredita que os três envolvidos já foram encaminhados para presídios distintos do Estado. Caroline Bamberg acrescenta ainda não saber do grau de participação de cada indivíduo no crime, já que os mesmos ainda não foram devidamente interrogados pela DP. A polícia ainda está investigando os motivos do crime, mas não tem dúvidas do envolvimento destas três pessoas no delito: Edelvania Wirganovicz, o pai Leandro Boldrini e a madrasta do menino, Graciele Ugulini.

O assassinato revoltou os moradores da pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul. Amigos de Bernardo, assim como outras pessoas com quem o menino mantinha relações afetivas, afirmaram que o garoto era carente e violentado moralmente pela madrasta. Vizinha da família, Anita Diemer contou que o menino era dócil, carismático e querido por todos.

– Eu sabia que ela não gostava do menino, isso sim. Só que jamais imaginei que a situação chegaria a esse ponto. Também sabia que a avó materna queria a guarda da criança, que foi negada por várias vezes. É uma tristeza profunda, é um menino que eu via todos os dias, uma criança muito alegre, um inocente, um anjo.

Colegas e professores do Colégio Ipiranga participaram da última homenagem ao menino Bernardo. Em um ato de abraço coletivo, as crianças pediram paz e justiça pela barbárie cometida com o colega. O diretor do Colégio, Nelson Weber, relatou que desde a fundação da Instituição, em 1932, nunca havia acontecido algo parecido. O Colégio, no qual o pai de Bernardo também estudou, decretou luto oficial de três dias. Uma professora de Bernardo relata que o menino era carente.

– O Bernardo era uma criança que apresentava sinais de quem tinha problemas em casa. Era uma criança extremamente carinhosa, uma criança que demonstrava afetividade com qualquer mulher que lhe desse atenção, demonstrando sentir falta da mãe. Ele nunca se queixou, mas toda a comunidade escolar sabia que ele era maltratado.

A Polícia Civil continuará investigando todos os passos tomados durante e após o crime. O caso, que chocou o país por evidenciar a frieza e o desprezo com que o pai e a madrasta tratavam o menor, teve um infeliz desfecho. Uma vida foi interrompida e vários corações sensibilizados.

 

Maira Dill e Rafael Franceschet / Da Hora

 

 

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