Do chá ao óleo: Cidró como alvo de pesquisa de mestrado

Com o objetivo de desprender-se do cultivo de grandes culturas, mestrandos de Agronomia desenvolvem projeto de extração de óleos essenciais de plantas

O Projeto de Anatomia Foliar, conduzido por Daiane Prochnow e Francisco Ernesto Dalla Nora, ambos mestrandos do curso de agronomia da Universidade Federal de Santa Maria, campus Frederico Westphalen e coordenados pela professora Denise Schmidt, propõe a análise da produtividade e qualidade de óleo essencial de Aloysia triphylla, de nome popular Cidró, em resposta à disponibilidade hídrica.
Acompanhando as atividades práticas do projeto, conseguimos conferir cada etapa pela qual se obtem o óleo de Cidró.

Daiane retira as folhas do galho de Cidró / Foto: Julia Saggioratto

Daiane retira as folhas do galho de Cidró. Foto: Julia Saggioratto

A primeira etapa consiste no recolhimento das folhas de Cidró. Os galhos são cortados e as folhas são, então, arrancadas.

Folhas são aquecidas em manta aquecedora

Folhas são aquecidas em manta aquecedora. Foto: Julia Saggioratto

Em seguida, as folhas são pesadas e partidas em pedaços menores.

Após a pesagem, são colocadas em balões de vidro, cerca de 250g em cada. Elas são, então, cobertas por água pré-aquecida, acelerando o processo de fervura.
O balão é colocado em uma manta aquecedora, que provoca a fervura das folhas, atingindo a temperatura de 150°C. As folhas de Aloysia triphylla necessitam de cerca de três horas fervendo para que o óleo essencial saia por completo. Para isso é introduzido o Clevenger na abertura dos balões. Este aparelho é responsável pela condensação do vapor que carrega o óleo. O vapor corre por tubos que vão sendo resfriados ao mesmo tempo em que o óleo, já condensado, acumula-se num pequeno reservatório deste dispositivo.

No início o óleo que sai da planta é incolor, o que segundo Daiane, seria o “grosso” do óleo. No decorrer do processo os constituintes do Cidró vão dando cor ao óleo, o tornando, ao final do processo, amarelo escuro.

Óleo acumula no final do Clevenger / Foto: Julia Saggioratto

Óleo acumula no final do Clevenger. Foto: Julia Saggioratto

A retirada do óleo se dá pelo esvaziamento do Clevenger, liberando primeiramente a água, restando apenas o óleo, que se encontra separado da água.

O laboratório possui, também, um destilador de óleo industrial, no qual se depositam 3kg de folhas, gerando, consequentemente, uma maior quantidade de óleo.

Óleo armazenado em vidro de cor âmbar  / Foto: Julia Saggioratto

Óleo armazenado em vidro de cor âmbar. Foto: Julia Saggioratto

O óleo retirado é então armazenado no freezer, em vidros de cor escura, âmbar, ou encapados com papel alumínio, o protegendo da luz, por ser fotossensível.

Segundo Daiane, estudos feitos a partir deste óleo em peixes constataram que o mesmo possui capacidade calmante e anestésica. A próxima fase seria o teste em outros animais.
O projeto de extração de óleos tem como objetivo incentivar a valorização de outras áreas da agronomia. Para Daiane, seria interessante a implantação dessa produção para pequenos agricultores: “A gente optou em fazer essa parte de extração de óleo porque é uma parte que está crescendo muito, uma coisa nova, que tem pouca pesquisa, e aí vem a importância de a gente não ficar preso só na pesquisa com grandes culturas“.
Daiane também ressaltou a importância de impulsionar esse tipo de pesquisa no Brasil: “A gente tem que incentivar a produção de plantas com esse intuito de não deixar somente que a pesquisa seja feita fora do Brasil, tem que fazer aqui dentro também, pra descobrir quão grande é a variedade de plantas que a gente tem aqui” (…) “Por isso acho importante a gente conhecer como é o comportamento da planta pra conseguir entender melhor, produzir com maior qualidade e assim, fornecer pra produção aqui no nosso país também”.

Cássia Johanns / Da Hora

Julia Saggioratto / Da Hora

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