A mais longa e dura revolução já ocorrida em terras brasileiras foi a Revolução Farroupilha. Uma luta entre gaúchos Republicanos contra o Governo Imperial, ocorrida na então Província de São Pedro do Sul.
Os principais motivos que intrigavam a sociedade da época era o descaso do Governo para com o Estado. Uma das causas da guerra era o charque, erva mate e couro, pois o Rio Grande do Sul na época era o maior produtor do País e precisava pagar altas taxas de impostos para comercializar seus produtos, enquanto os artigos vindos do Uruguai entravam no Brasil sem nenhum tributo incluído no preço do produto, assim deixando o charque Uruguaio mais barato e desvalorizando o produto nacional. Além de causas politicas e econômicas houve as causas administrativas, pois na Província não eram realizadas obras de utilidade publica como escolas, pontes ou estradas, mostrando desleixo com o povo. Tudo isso causou revolta no povo gaúcho.
O principal objetivo da revolta era a escolha de um presidente que defendesse os interesses rio-grandenses. A guerra iniciou no dia 20 de setembro 1835 quando os Revolucionários tomaram posse de Porto Alegre, fazendo com que o então Presidente da Província fugisse para Rio Grande. Já em 11 de setembro de 1836, o general farroupilha Antônio de Souza Neto reuniu seus oficiais nos Campos dos Menezes e num ato de coragem proclamou a República Rio-grandense, conquistando a Independência da província e desligando-se das demais províncias do Império. Ainda em 1836, após a proclamação da República foi definida a bandeira Rio-grandense verde, vermelha e amarela como símbolo da nova nação com espirito republicano e federalista, o General Bento Gonçalves da Silva assumiu como 1° Presidente liderando praticamente toda a revolução. Também foi definida a cidade de Piratini como a 1ª Capital Farroupilha que posteriormente, em de 1839 é transferida para Caçapava e em 1840 transferida para Alegrete, a 3ª e ultima Capital Farroupilha.

Monumento Obelisco da Paz, em Dom Pedrito. Local da pacificação da guerra.
Foto: Site do Município de Dom Pedrito
Os muitos anos de batalhas desgastaram os revolucionários e os constantes combates destruíram muitas estâncias gaúchas, mas em 1844
iniciaram as conversações de paz entre David Canabarro, comandante dos Farrapos e Duque de Caxias, comandante dos Imperiais. Após quase 10 anos de guerra a pacificação foi decretada no dia 1° de março de 1845, com a assinatura da Paz de Ponche Verde.
Não foram são somente os homens daquela época que nos deixaram legados muito importantes, temos que também ressaltar a importância de muitas Anas e Marias que foram exemplo de força, se destacando não somente como mulheres, mas sim, como guerreiras, pois enquanto os homens estavam nos campos de luta, elas estavam se mantendo vivas na coragem, aos poucos conquistando o respeito dentro da sociedade e sem medo de escrever a própria história, como consta no site do Movimento Tradicionalista Gaúcho – MTG “… elas sempre souberam manter-se firme: quanto mais a situação era adversa, mais a mulher soube se transformar na forja sagrada das convicções do herói farroupilha”.
Aquele 20 de setembro foi o marco de inicio de uma nova era dentro do Rio Grande do Sul, a partir daquela data o povo buscou lutar por seus ideais de direito e liberdade. Os farroupilhas mostraram que o povo gaúcho tem história e garra para alcançar seus objetivos.
Como diz o cantor e compositor Jacqueson Brandolt: “A Revolução Farroupilha teve importância direta no espírito de cobrança do povo para com as leis e bem estar dos cidadãos, além de exaltar e formar uma cultura do estado totalmente diferenciada do resto do país, uma cultura que leva mais em conta o caráter das pessoas do que o poder. Graças à Revolução que hoje vamos às ruas mostrar nosso amor pela terra, pela cultura e pela nossa gente.”.
Nos dias atuais somos um povo livre e igualitário, que não deixamos os legados de nossos antepassados se perderem pela história, como exemplo, em 1947 quando um grupo de oito alunos do Colégio Julio de Castilhos de Porto Alegre, liderados por Paixão Cortês criaram a Ronda Crioula com o intuito de defender a tradição gaúcha que é mantida até hoje.
Pelo estado a fora é vivida a Semana Farroupilha, com diversas apresentações, aonde os gaúchos vão para as ruas comemorar e homenagear
líderes da Revolução Farroupilha. Segundo a estudante Giovana Aguiar “Infelizmente não ganhamos, mas não perdemos… Pois herdamos o orgulho de lutar pelos nossos ideais, ser leal, honestos, amar nossa terra, nossa bandeira, nossos costumes. O 20 de setembro é servir nossas façanhas, mostrar a cultura passada de geração em geração e ter orgulho de carregar este pampa na garupa, levando as pessoas que admiram nosso orgulho por sermos gaúchos”.
Angela L. Malheiros / Da Hora
Deixe um comentário