Acusados depõem no caso Bernardo

Ontem, em Três Passos foram interrogados os quatro réus suspeitos de terem cometido o crime que matou o menino Bernardo, em abril do ano passado.
Pessoas de várias cidades do país estavam em vigília nos arredores do Fórum e pediam por justiça. Quando os veículos da Superintendência dos serviços penitenciários (Susepe) chegaram ao local, os gritos de manifesto se intensificaram e em um carro de som ecoavam os gritos de socorro do menino, extraídos de uma gravação do celular do pai, Leandro Boldrini.11270225_845148945571160_44665436775666144_o
Essa foi a primeira vez que os quatros acusados prestaram depoimento à Justiça.
O primeiro réu a ser interrogado foi Leandro Boldrini. Leandro respondeu à todas as perguntas dos advogados de defesa e acusação e declarou: “A minha inocência é cristalina. Estou preso injustamente e tô aqui pra falar a verdade. Me destruíram, tô na lama, lamento os meus erros, errar é humano. Sou uma pessoa esclarecida e jamais compactuaria com uma barbaridade dessas. […] A justiça tem que ser como seu próprio nome diz: justa. Eu sou inocente”.
O médico falou sobre sua intensa rotina de trabalho e acrescentou: “o trabalho me sugou”.
Leandro explicou que Graciele iria à Frederico Westphalen, na sexta-feira, para comprar uma televisão, e que Bernardo não iria junto. No final da tarde, Graciele contou a ele que levou Bernardo junto para Frederico pois “não queria que ele ficasse em casa fazendo barulho e assim acordar a Maria Valentina (filha do casal)”. Graciele teria dito a ele que enquanto estava no banho, Bernardo havia dito a ela que iria dormir na casa de um amigo, e saiu de casa.
O interrogatório de Leandro durou cerca de três horas.
A audiência seguiu com a presença da ré Graciele Ugulini. A mulher entrou na sala visivelmente abatida, com estado físico debilitado. O juiz Marcos Agostini fez algumas perguntas à ré que custava a responder. Quando questionada sobre sua profissão e estado civil, respondeu: “não sei”. Graciele bebeu água e falou em voz baixa, deixando a imprensa sem acesso às suas respostas. O juiz fez a leitura da acusação feita à ela e Graciele usou do direito assegurado por lei, de permanecer em silêncio e não falar nada.10557037_845148735571181_6337371769353463439_o
A terceira acusada a adentrar na sala do júri foi Edelvânia Wirganovicz. Assim como os outros réus, Edelvânia também é indiciada por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. A ré respondeu claramente às perguntas do juiz e declarou: “Eu vim à força, estou em tratamento, tomando medicamentos e fui forçada a vir aqui hoje. Só vou falar no dia do júri”.10522373_845148698904518_8288921029976526828_o
Enquanto os réus saíam do fórum, ouvia-se no salão do júri os gritos direcionados à eles, enquanto adentravam os carros da Susepe.
O último réu a depor foi Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, acusado de ter aberto a cova onde o menino foi enterrado. O carro de Evandro foi visto alguns dias antes da morte do menino, próximo ao local onde ele fora enterrado. Evandro disse ter ido pescar em um local de costume, próximo à casa de sua mãe.11334148_845148585571196_4648834216195294333_o
O réu respondeu à todas as perguntas e chorou diversas vezes, quando perguntado sobre seus filhos. Evandro, dirigiu-se ao juiz: “Eu sou mais uma vítima desse caso. Foi minha irmã que fez o buraco, pelo que eu ouço nas notícias. Eu só fui pescar, estava de férias na casa da minha mãe. Tão fazendo uma injustiça comigo. Eu não tô aqui pra defender ninguém, nem mesmo minha irmã, eu só quero dizer que eu não fiz isso. As pessoas lá fora me chamam de assassino e eu não sou isso, eu tenho dois filhos e nunca faria uma coisa destas.”
Nenhum dos réus quis permanecer na sala após os interrogatórios.
O Caso Bernardo contou com 18 audiências, sendo nove de acusação e nove audiências de defesa. Encerrada a etapa de hoje, é aberto o prazo para que as defesas apresentem suas argumentações e seja realizado o julgamento dos réus.
Texto e fotos: Maira Dill / especial Da Hora

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