Armandinho circula pela UFSM

Na última quarta-feira, ao meio-dia, depois do almoço e da travessia entre os campi do Instituto Federal Farroupilha e da Universidade Federal de Santa Maria, perto da sala dos Das, eram muitos os colegas vestidos de camisetas amarelas. Estavam lá para a posse da nova gestão do Diretório Central dos Estudantes, o DCE, da UFSM. A chapa Pelas Nossas Mãos já haviam tomado posse no campus sede, em Santa Maria, ontem, 25, e no campus de Palmeira das Missões, na quinta-feira, 21.

A integrante da Chapa 1 Jéssica Croda apresentando os números  Foto: Rafael Franceschet/AssessoriaCESNORS

A integrante da Chapa 1 Jéssica Croda apresentando os números Foto: Rafael Franceschet/AssessoriaCentro

Enquanto os integrantes apresentavam os números da eleição, as camisetas amarelas continuavam chamando a atenção. O amarelo substituíra o vermelho da gestão passada. Nas camisetas flavescentes estava estampado o personagem Armandinho segurando uma bandeira, dentro dela, a representação de uma mão de diversas cores. Mateus Karling, estudante de Relações Públicas e integrante da coordenação de Comunicação da chapa eleita explica que a escolha “é uma homenagem às tirinhas e tudo o que elas abordam”.

Armadinho, uma criança (dos quadrinhos) é curioso e contestador, tem cabelos azuis e a cabeça levemente maior que o corpo. O criador do personagem é o agrônomo e publicitário Alexandre Beck, de 40 anos. Em uma entrevista para o Jornal O Globo, Alexandre avisa a principal motivação para Armandinho: “fazer os leitores repensarem tudo o que está em volta”. O personagem nasceu nas páginas do Jornal Catarinense, em 2010. Mas o grande sucesso veio com a criação da página do Armaninho no Facebook, que desde 29 de novembro de 2012, já arrecadou mais de 728 mil curtidas.

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Armandinho/Reprodução

O estudante Mateus explica, ainda, o uso da mão: “é justamente pela ideia de se fazer uma gestão do DCE pelas mãos dos estudantes como um todo, como diz na campanha, pelas minhas, pelas tuas, por todas as nossas mãos”. Exemplo disso é a acadêmica de Engenharia Florestal, Juliane Salapata que ingressou na Universidade no ano de 2013 e conta que desde o início se viu envolvida ao Movimento Estudantil: “eu via importância de transformar a Universidade, ela precisa ser pública, popular e democrática, e também acho que os estudantes devem estar inseridos nas pautas da Universidade e da comunidade como um todo”. Juliane é apoiadora da Chapa 1 e exemplo de que é preciso colocar a mão na massa. Foram mil setecentas e oitenta e uma mãos que se levantaram para a vitória da chapa.

Faz-se interessante saber que o Diretório Central dos Estudantes desta Universidade está filiado – em nível estadual – à União Estadual dos Estudantes Livres Dr. Juca, a UEE Livre. A entidade renasceu no Congresso de Reorganização da União Estadual dos Estudantes do RS, em 2009, que reuniu estudantes gaúchos para somarem forças contra o desmonte da educação pública do governo de Yeda Crusius. A saber, o nome da entidade é uma homenagem a João Carlos Haas Sobrinho “Dr. Juca”, gaúcho morto pela ditadura militar na guerrilha do Araguaia.

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Armandinho/Reprodução

Em nível nacional o DCE está filiado à União Nacional dos Estudantes. Esta por sua vez é a entidade máxima dos estudantes do Brasil inteiro, correspondendo aos 26 estados e ao Distrito Federal e envolve as diversas forças políticas do país. O DCE identifica-se em sua maioria com o Coletivo Reconquistar a UNE, diretamente ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT). “Somos estudantes que se referenciam no PT, na esquerda do PT e na sua tendência interna, Articulação de Esquerda. Acreditamos ser possível construir um outro mundo. Um mundo onde a máquina de moer gente já não exista. Um mundo socialista!” – avisa a identificação no site do coletivo.

Falando nisso, começa na semana que vem, do dia 3 a 7 de junho, o 56° Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Gôiana, GO. Este Congresso acontece a cada dois anos sendo o principal fórum deliberativo da UNE. Nele são discutidos os rumos do movimento estudantil para os próximos dois anos e ainda, é realizado a eleição que descobre a nova diretoria da entidade. A acadêmica de Engenharia Florestal, Andressa Araújo foi a delegada eleita deste campus para representar os estudantes daqui de Frederico Westphalen, tendo direito ao voto no congresso. “Teses serão apresentadas e os delegados e delegadas, devem votar naquelas que acreditam serem as mais acertadas pro rumo dos próximos 2 anos da UNE”, completa a estudante.

Armandinho/Reprodução

Armandinho/Reprodução

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Integrantes da Chapa 1, em Frederico Wesphalen Foto: Rafael Franceschet/AssessoriaCentro

Existe ainda, dentro de nossa Universidade, um fórum superior ao DCE, chamado Conselho de Entidades de Base (CEB) que corresponde aos Diretórios Acadêmicos e das Casas dos Estudantes da Universidade Federal de Santa Maria. “Interessante saber que o movimento estudantil, assim como outros movimentos não tem como existir de maneira isolada, é feito de forma articulada pra ganhar mais força. Não é só aqui no Cesnors que a gente debate os rumos da educação, isto é uma pauta nacional, é preciso articular com outros diretórios acadêmicos e também não podemos esquecer da base, dentro da sala de aula, dentro do nosso curso e dentro do nosso campus.” Quem fala é o acadêmico de Engenharia Florestal e também apoiador da chapa, Marcos Lazzaretti.

O Movimento Estudantil é feito de Armandinhos que entendem a importância da classe estudantil para o presente e o futuro da educação, indo mais além, entendem a importância de se lutar pelo que acreditam. “O ME se torna importante quando a pessoa tem uma consciência de classe, que pertence à classe estudantil e pertencente a esta classe ela tem responsabilidade em garantir o avanço da classe”, fala o estudante Marcos, concluindo esta reportagem.

 

 

Mateus Quevedo/DAHORA

 

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