Comunicação é tema de discussão no 1º Acampamento das Juventudes
Na manhã deste domingo, 6, a comunicação foi a pauta das conversas do 1º Acampamento das Juventudes do Campo e da Cidade, organizado pela Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e pela Pastoral da Juventude Rural (PJR). A jornalista Elaine Tavares, do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e Jilson Souza, Educador Popular da Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular (APAFEC). Os dois companheiros das pastorais trouxeram à tona assuntos que acercam a realidade da comunicação brasileira.
Jilson colocou a comunicação como tema central de um projeto popular para o Brasil. Para ele, sem a comunicação não é possível construir uma nova civilização, fato que, segundo ele, muitos de nós ainda não nos demos conta. Ele ainda alerta sobre as grandes mídias, que não têm interesse em noticiar momentos como o Acampamento: “isso fere frontalmente o capitalismo, organizar-se é uma afronta ao capitalismo”.
O educador falou sobre o conceito de soberania comunicacional, em que a comunicação, como um serviço público, seja de fato liderada pela classe trabalhadora, além de destacar a importância de debater este tema: “precisamos discutir a Soberania Comunicacional como discutimos a Soberania Alimentar, ou colocamos a comunicação no centro de nossas ações ou vamos seguir achando que sair nos grandes portais de noticia é a solução”.
Segundo Jilson, neste momento a tarefa das organizações é resistir e caminhar fortalecendo os meios de comunicação dos próprios movimentos, apresentando outra forma de comunicar, outra proposta de mídia.

A jornalista Elaine Tavares ressalta a importância de a juventude se apropriar dos meios de comunicação. Foto: Julia Saggioratto.
Após a fala de Jilson, Elaine Tavares falou sobre a força da juventude, que é um sementeiro da revolução. Elaine ainda falou sobre a mídia comercial, que segundo ela, não tem compromisso com a verdade: “é muito difícil pra quem mexe com a comunicação dizer, mas a mídia mente, a mídia comercial mente, não tem nenhum compromisso com a verdade”. Ela ressaltou que a maioria do conteúdo que as mídias veiculam são construções ideológicas, informações falsas que funcionam como um véu para tapar a consciência das pessoas.
A jornalista destacou que a juventude precisa se apropriar do processo comunicacional para gerar a Soberania na Comunicação: “hoje vivemos no Brasil e na América Latina um momento em que a comunicação é um espaço do poder, o poder se expressa pela TV, pelo rádio, pelo jornal e até pela internet”. Ela acredita que a internet pode ser tanto um espaço de “divulgação de bobagens” como um espaço de articulação e organização da luta, ressaltando que precisamos utilizar de redes sociais e blogs da forma certa. “Com celular você faz vídeos e fotos bons, tem que por na rede, mas contextualizar, trazer a informação”, afirma.
Elaine ainda analisa como responsabilidade da juventude se apropriar dos meios de divulgação como a internet e fazer a Soberania da Comunicação: “não apenas democratizar os meios que já existem, porque isso não é suficiente. Nós temos que nos apropriar desses meios e fazer realmente acontecer a verdadeira comunicação”.
O Acampamento
O acampamento, que está acontecendo entre os dias 5 e 7 de setembro, recebe cerca de 350 jovens de diversos locais para discutir assuntos que acercam o tema do Grito dos Excluídos deste ano: “Que país é esse que mata gente, que a mídia mente e nos consome”. No sábado, 5, o acampamento iniciou com mística que trouxe momentos históricos da PJMP e da PJR, seguida pela mesa de abertura composta por representantes de diversas organizações aliadas das pastorais. À tarde a professora do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Ana Carolina Caridá, fez uma análise da conjuntura da luta da juventude ao longo da história até o presente.
Amanhã, 7, a juventude segue para São Miguel do Oeste, para participar da marcha do Grito dos Excluídos, que acontece em todo o Brasil.
Julia Saggioratto / Da Hora


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