Iniciando uma nova etapa na vida

 

Desafios e conquistas dos estudantes universitários que precisam iniciar uma vida mais independente

Deixar a casa, o lugar de origem, a família e os amigos para estudar pode ser necessário para alguns estudantes. Outros podem não enfrentar tudo isso junto. Entretanto é interessante conhecer as histórias de algumas dessas pessoas e seus desafios e, além disso, entender o que os especialistas têm a dizer sobre esse assunto.

Antes de vir estudar na UFSM, no campus de Frederico Westphalen, Yasmin Silva morava em Imperatriz no Maranhão. Ela é aluna de jornalismo nesta universidade.  Ela não conhecia o município onde estuda, mas pesquisou muito sobre ele antes de vir e hoje acredita que é melhor que o lugar onde estava. A estudante o considera tranquilo e organizado. Yasmin sentiu dificuldade com o clima, segundo ela isso “foi bem difícil. Lá de onde eu venho é bem quente, e o inverno não passa de 27 graus e tem bastante praia”. Apesar disso, “estou conseguindo me adaptar bem ao clima daqui por enquanto”, afirma.  Sobre morar longe da família, ela considera “bem complicado, porque bate aquela saudade enorme, mas eu tento diminuir isso com ligações longas no telefone”.

Vanessa Carvalho também é aluna de jornalismo da UFSM e veio de Imperatriz no Maranhão. Entretanto ela nasceu em Aracruz no Espírito Santo. Sobre o município onde se encontra, ela lembra que “Nunca tinha ouvido falar de Frederico antes e sequer sabia que aqui tinha o campus da UFSM, até quando saiu o edital de transferência”. Depois que ficou sabendo das vagas ofertadas ela começou pesquisar sobre este local e disse que gosta daqui “por ser um lugar mais calmo e seguro, mas gostaria que tivesse mais opções de lazer e coisas legais para fazer” sugere. Ela diz que sua cidade “em um período do ano, tem uma temperatura amena e chove bastante. Em outro período, faz um calor bem intenso mais ou menos de 35ºC e sem chuva”.  A estudante conta que já morou em lugares que tinha inverno e mesmo assim demorou a “se acostumar com o frio de Frederico. Sobre isso ela fala que “nas primeiras semanas, tinha que usar umas 2 blusas com a jaqueta pra me aquecer no frio de 18ºC, por exemplo”. Sobre morar longe da família Vanessa diz que sente muita saudade e considera “muito difícil, porque todos estão do outro lado do país e não tenho como ir pra casa tão facilmente.

Marcelo Silva, aluno de jornalismo é natural de Caçapava do Sul no Rio grande do sul. Ele conta que em seu município faz mais frio que aqui, mas no geral é “muito parecido com o que eu já estava acostumado”. O estudante conta que não conhecia Frederico antes e que foi difícil morar longe da família, porque isso “é uma mudança muito grande na vida. Mas com o tempo você vai se acostumando, é ótima oportunidade para conhecer novas pessoas e amadurecimento pessoal” completa.

Ricardo Vianna Martins, psicólogo e psicanalista, professor de Relações humanas no curso de agronomia da UFSM (campus de Frederico Westphalen) descreve o que os estudantes podem sentir por morarem longe da família e dos amigos. Segundo ele, essas pessoas podem “sentir muitas coisas: medo, por enfrentar uma situação nova e desconhecida; saudades, dos vínculos que organizavam sua vida; pode se sentir livre e mais independente, por abandonar o controle da sua comunidade de origem. Pode sentir tudo isso, e muitas outras coisas, em momentos diferentes”.

Este especialista afirma que a nossa mente está muito conectada com o corpo e assim nossas emoções podem afetar a nossa saúde. Para ele o “corpo e a mente não estão isolados. A dimensão emocional é um indicador de como nos conduzimos, resultado de nossas escolhas éticas, da forma de enfrentarmos nossos problemas”. O psicanalista revela que todas as pessoas têm certo grau de dificuldade e que isso é normal. Entretanto “quando estas dificuldades tornam-se um bloqueio, são contínuas, o apoio de um especialista pode ajudar” indica.

Martins destaca que a adaptação em um lugar diferente pode dificultar o desempenho nos estudos, dependendo do sofrimento. Sua especialidade em psicologia o permite dizer que pessoas mais jovens que 17 podem demorar mais para se  adaptarem em novo local que pessoas sais velhas.  Sobre isso ele declara que “não existem garantias. Mas quanto mais jovem, em tese, menos recursos uma pessoa tem. O fator determinante vais ser a capacidade de se relacionar com os outros. Somos sujeitos sociais”.

Uma pessoa pode se sentir insegura com sua escolha profissional, mas segundo o psicanalista isso não é determinante para que ela tenha uma boa adaptação em um lugar. Neste ponto ele afirma que uma pessoa pode não ter feito uma escolha seguindo seus próprios desejos, mas optado por uma carreira de conveniência e esse é o ponto de partida para saber quão segura ela se sentirá.

O psicólogo Martins acredita que se um estudante faz o curso que desejava fazer as experiências juntas de trabalhar e estudar podem ser ainda mais gratificante para um indivíduo.  Este profissional lembra que tudo não irá terminar aí e que este estudante precisará de “muita atualização, muito investimento e estudo para se manter em dia com o mundo”.

 

 

 

 

Priscila Rose Junges – Da Hora

 

 

 

 

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