Desde que foi criado, esse programa gerou muitas discussões e ainda divide opiniões. Teresinha Garcia da Rosa, 66 anos, é aposentada e se mostra contra o Programa Bolsa Família. Segundo ela, ele existe para alimentar alguns e não para eles trabalharem. “Algumas pessoas que poderiam trabalhar, só esperam pelo dinheiro fornecido pelo programa. Assim, uma parte desse dinheiro do Programa Bolsa Família poderia ser repassado para os aposentados, que trabalharam a vida inteira e ganham uma miséria insuficiente para pagar mercado e remédios”, explica. Ela também diz que conhece pessoas que são pobres e não se esforçaram para alcançarem uma condição financeira melhor. “Com mais ou menos 20 anos eu me separei, mas mesmo assim hoje eu tenho meu terreno, tenho minha casa e estou aposentada”, conta.
Já a diarista Noeli Faco, 56 anos, recebe o Bolsa Família há cinco anos e diz que esta é uma ajuda de fundamental importância. Ela conta que no momento que começou receber o valor de R$130,00, tinha três filhos morando consigo. Meses depois, passou a ganhar R$100. Mais tarde R$80 e por fim R$32. Nesse momento ela morava sozinha com seus filhos e todos trabalhavam na agricultura. Ela diz que o valor recebido era pouco, mas ajudava. “Agora com o preço das coisas, isso já não ajuda nada, não é suficiente nem para pagar a conta de gás”, completa.
Origem da desigualdade e suas consequências
A Professora de Filosofia Henriqueta Alves da Silva, 28 anos, graduada em filosofia e mestranda em Educação, acredita que o acontecimento histórico que contribuiu para o início da desigualdade social foi início propriedade privada. Neste contexto, ela cita o filósofo e teórico político Jean-Jacques Rousseau, que prega que a desigualdade surgiu no momento em que um homem cercou um pedaço de terra e disse “isso é meu!” e não teve nenhuma pessoa que questionasse essa ação. Esse homem influenciou as outras pessoas a fazerem o mesmo. Assim, quem tinha mais força e mais poder para cercar um maior pedaço de terra se tornou a pessoa mais rica.
Henriqueta acredita que, para a sociedade, o Programa Bolsa Família é uma mera contribuição com seus lados positivos e negativos, que não soluciona o real problema, apenas o ameniza. Para ela isso é uma política passageira. “Portanto para solucionar realmente o problema, deveriam ser feitas políticas mais amplas e duradoras, como investir mais na educação. Essa medida tornaria as pessoas capacitadas para o mercado de trabalho”, sugere ela.
Ela discorda totalmente da visão de que as pessoas são pobres por não se esforçarem. Segundo ela um indivíduo pode se esforçar todo dia na sua profissão, mas se não é valorizado pelo mercado capitalista, não prospera. “Tem algumas funções que o mercado valoriza mais que outras, ainda que não sejam as mais trabalhosas”, diz.
A Professora pós-graduada em História Deise Baldin Cardoso, 26 anos, pensa de forma semelhante. Ela acredita que essa desigualdade é promovida pelo sistema econômico capitalista. “Nem todos tem as mesmas oportunidades de acesso ao estudo e ao ensino superior e essa é uma explicação para a existência da desigualdade de salários” complementa.
Priscila Rose Junges / Da Hora
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