O elo mais forte

Elo Palmeira das Missões sediou nos dias 7 e 8 de novembro o 26º ELO Nacional, uma das maiores atividades  escoteiras do pais, recebendo jovens de todo o estado. 

08h00min, o frio vento das manhãs do norte gaúcho corta o gramado do Parque de Exposições Telmo José Schardong, em Palmeira    das Missões. Os primeiros ônibus começam a chegar e deles, começam a desembarcar um grande número de crianças, jovens e adultos, maioria, cobertos por casacos coloridos, porém, expondo camisas khaki e lenços coloridos enrolados no pescoço. Começam a ecoar os apitos, as apresentações das patrulhas, o som das instruções dos chefes pelo frio ar levemente aquecido por um sol que iluminava as primeiras horas da manhã palmeirense. Lá, naqueles momentos de encontros e reencontros entre velhos conhecidos de outras atividades e novos companheiros de campo, naquele frio de manhã primaveril, não começava um acampamento escoteiro normal ou um daqueles acampamentos escoteiros típicos de filmes americanos. Lá, naquela manhã, começava a 26ª edição de uma das maiores atividades escoteiras do pais, o ELO (Escoteiros Locais em Operação) Nacional.

A história da atividade no Brasil começou em 1978, sobre uma torrencial chuva, típica de acampamentos escoteiros. O I ELO Nacional teve início por todo o país naquele terceiro fim-de-semana de agosto. Os 47 acampamentos, organizados em distritos, uniram pouco mais de 4.000 escoteiros sobre a ideia de fraternidade do Movimento Escoteiro. Ali, a semente foi plantada, para algo muito maior do que qualquer escoteiro com os pés atolados no barro do Parque Saint-Hilaire naquele fim de semana de um fim de década poderia pensar.

Pouco mais de 80 jovens estiveram presentes na atividade. (foto: Ramon Mendes)

Pouco mais de 80 jovens estiveram presentes na atividade. (foto: Ramon Mendes)

  Depois de 37 anos, 26 edições e centenas de histórias para se contar, o ELO se mantem forte,  apesar da  crise que o escotismo passa no Brasil nos últimos anos. Esta edição teve como tema  “Espírito de União”,  norteado pelo tema da maior atividade escoteira de todo o mundo, o  Jamboree Mundial Escoteiro, de  teve sua 23ª edição sediada nas praias de Kirarahama, no Japão,  entre os dias 28 de julho e 8 de agosto.  Em maioria do pais, a atividade aconteceu nos dias 15 e 16  de agosto, porém, por escolha de muitos  distritos escoteiros, alguns acampamentos da atividade  geral aconteceram em datas subsequentes e, por  decisão do 14º Distrito Escoteiro – que abrange  toda a área de Iraí a Palmeira das Missões -, a atividade  aconteceu três meses depois, nos dias 7 e  8 de novembro, tendo como sede, o Parque de Exposições  Telmo José Schardong, o mesmo  parque que sedia o Carijo da Canção Gaúcha.

  Nesse fim de semana de novembro, mais de 80 jovens de todo o Rio Grande do Sul, entre  Lobinhos (7-11  anos de idade), Escoteiros (12-14 anos), Sêniores (15-17 anos) e Pioneiros (18-21 anos) fizeram jus a sigla do ELO e seu tema, praticando várias atividades em total espirito de união e integração. Grupos de Viamão, Carazinho, Planalto, Santa Rosa e representações dos grupos de Sarandi e Frederico Westphalen, além do grupo de Palmeira das Missões, que era o anfitrião desta edição.

Ainda no primeiro dia, à tarde, começariam as atividades, que logo colocariam os jovens a prova. Os Escoteiros foram enviados para a sede campestre do Grupo de Escoteiros, onde praticaram várias atividades na mata nativa da área, como rastejamento, tirolesa, pista de cordas e outras atividades típicas da tropa que dá o nome ao movimento. Já o segundo dia demonstrou a polivalência dos escoteiros, colocando os jovens em diferentes atividades, que iam desde atividades mentais, como o Jogo do Kim (uma espécie de jogo da memória) até atividades físicas – como Cabo de Guerra e Volley Cego – e até atividades típicas da tropa sênior, como a Jangadagem – feita em um nível mais fácil -, tudo feito com o bom humor e alegria típica dos jovens escoteiros.

Segundo o Chefe Escoteiro Anderson Araújo, do 346º Grupo de Escoteiros Conêgo Sorg, de Carazinho, o evento teve grande aprovação, principalmente dos jovens: “O lugar, a estrutura e as atividades foram muito boas, as bases eram muito bem elaboradas e desenvolvidas. ”

A Tropa Sênior e Pioneira começou a atividade com uma jornada de oito quilômetros, sendo os últimos, carregando o fogo que utilizariam a noite, para a fogueira. (foto: Ramon Mendes)

A Tropa Sênior e Pioneira começou a atividade com uma jornada de oito quilômetros, sendo os últimos, carregando o fogo que utilizariam a noite, para a fogueira. (foto: Ramon Mendes)

 Já para a Tropa Sênior e Pioneira, foi um início de atividades digno da fama de aventureira que a tropa carrega no escotismo, oito quilômetros de caminhada em direção a chácara onde seria a casa da tropa aquele fim de semana. Os oito quilômetros – sendo os últimos, carregando fogo aceso em latas e bules, que posteriormente seria utilizado para acender uma fogueira no campo – não foram suficientes para extenuar os jovens sêniores e pioneiros, que mantiveram-se sorrindo e brincando por toda a extensão da jornada. O bom humor das tropas era tanto que a primeira patrulha sênior que havia chegado a chácara, foi premiado com um saboroso chuchu, presente da chefia, que caminhou ao mesmo passo e ritmo que os bravos jovens.  Mesmo após tal caminhada, as atividades não cessaram, pois logo após, já estavam se lançando em um rapel na cachoeira que havia nas proximidades, mostrando a ação que faz da sênior uma tropa única. No outro dia, não houve paradas, sendo executada a tão esperada Jangadagem – uma navegação com barcos construídos pelos próprios jovens com taquaras e câmaras de pneu – que não decepcionou os jovens, dando-lhes boas histórias para contar.

– Não foi um acampamento no qual tivemos que mostrar muitas habilidades escoteiras ou que nos exigisse um forte conhecimento tudo, foram coisas básicas, mas tudo foi proveitoso. Citou a guia (integrante feminina da tropa sênior) Rafaela Vieira, que integrou uma das patrulhas da tropa sênior. Ela ainda cita que o objetivo do acampamento, segundo ela, era a interação e que os organizadores conseguiram alcançar o objetivo de integrar e unir os jovens: “Tem de parabenizar a forma como foi organizado. ”

Não é a primeira vez que Palmeira das Missões sedia um acampamento de grande magnitude. Desde os anos 80, o grupo de escoteiros da cidade – o 126º Grupo de Escoteiros Cacique Sepé Tiarajú – é anfitrião de acampamentos de patamar regional e nacional, tendo já sediado o ELO várias vezes e em todas elas, sempre lembrada pelo bom nível das atividades e pela chuva, que, dessa vez, não deu as caras no campo. Segundo o Chefe Sênior Jomar Deidine, o acampamento foi um sucesso: “Foi meu primeiro ELO como chefe, dá um frio na barriga. Mas foi ótimo tudo ocorreu conforme o planejado, não houveram imprevistos. ”

Após o fim das atividades, o ELO deixou saudades e um gosto de querer mais que, segundo os chefes, será compensado na próxima edição. (foto: Ramon Mendes)

Após o fim das atividades, o ELO deixou saudades e um gosto de querer mais que, segundo os chefes, será compensado na próxima edição. (foto: Ramon Mendes)

Ao fim do acampamento, após as bandeiras serem arriadas e os campos serem desmontados, após todas as despedidas e abraços, tudo volta a ser como era antes. Mas, ao fim dessa atividade, ficou o gosto de querer mais, o próximo ELO, segundo a chefia e os organizadores, promete ser melhor do que esta edição. Porém, esta última edição do acampamento demonstrou para todos que lá estiveram que o ELO, apesar de tudo, está cada vez mais forte.

Ramon Mendes/Da Hora

 

 

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