Viajando no mundo da leitura: conheça o projeto que vem mudando a educação renascencense

Incentivar a leitura e a produção textual nem sempre é uma tarefa fácil, sobretudo nos primeiros anos de alfabetização. Mas com um pouco de criatividade tudo se torna mais simples, e para isso a arte é uma aliada. Promovendo apresentações culturais e levando livros as casas das famílias dos estudantes, a escola Ida Kummer vêm despertando seus alunos e a comunidade para um mundo de ideias e imaginação: o da literatura.

(Foto: Wellington Hack/Da Hora) Gabriel mostra a sacola de leitura e conta que os pais começaram a ler depois que o projeto incentivou eles

(Foto: Wellington Hack/Da Hora) Gabriel mostra a sacola de leitura e conta que os pais começaram a ler depois que o projeto incentivou eles

A Escola Municipal Professora Ida Kummer foi fundada em 1991 e fica em Renascença, município de pouco menos de 7.000 habitantes que pertence a região metropolitana de Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná. Atende alunos da pré-escola ao 5º ano do ensino fundamental (ciclo 1) e conta com aproximadamente 600 alunos entre os turnos da manhã e tarde.  Apesar de não contar com ensino em tempo integral, a escola oferece reforço para os alunos que apresentam mais dificuldades de ensino além de atendimento especializado a portadores de necessidades especiais.

Nela é desenvolvido o projeto Viajando no mundo da leitura, implantado em 2013 a partir da ideia da professora e coordenadora Ivonete Simonetti Rodrigues, “a escola apresentava uma grande dificuldade na área de leitura e escrita, e foi pensando em como tornar para os alunos uma coisa atrativa e prazerosa aprender, que implantamos o projeto”. Ela também lembra que o projeto foi colocado com prazo definido de um ano, mas como o envolvimento da comunidade foi muito boa, a secretaria de educação e os membros da escola decidiram levar ele adiante. “No primeiro ano, nós desenvolvemos o projeto com o investimento da própria escola.  A partir do segundo ano, fomos procurados pelo Rotary Club que nos ajudou nos custos das sacolas de leitura e nas apresentações que são desenvolvidas”, comenta Ivonete.
O projeto atua em três dimensões na escola com os alunos, nas famílias e na comunidade em geral. Na escola os alunos têm o momento da leitura, onde é reservado diariamente 45 minutos no início das aulas para os eles lerem. Após as aulas, os estudantes revezam a sacola de leitura, uma bolsa onde são enviados para as famílias livros e textos para serem trabalhados em casa, cada turma têm duas sacolas e fica a cargos dos professores dessas turmas a seleção do que será enviado. Também para as famílias, vai o caderno mágico para registrar as histórias lidas por elas, e também para escrever novas histórias e contos que passam de geração em geração. Para a comunidade em geral, o projeto traz apresentações culturais ao longo do ano, como teatro e dança. “Todas as apresentações são baseadas nos conteúdos trabalhados em aula, os teatros com enfoque mais na literatura e as danças em resgates folclóricos, como as danças imigrantes e tradicionais do estado”, explica Ivonete.
E os reflexos são notados nas salas de aulas. “O desenvolvimento do aluno como um todo, nas apresentações, em suas formas de expressão e na capacidade de memorização vem se notando uma melhora significativa. Isso faz com que o projeto não reflita apenas na leitura, mas em tudo o que o aluno desenvolve”, comenta a diretora da escola, Elizabete Paz. Para ela o apoio da comunidade externa é um dos fatores principais no sucesso do trabalho. “Queremos deixar aqui, com este projeto também, uma mensagem para que os pais acompanhem seus filhos na escola, o acompanhamento é fundamental para o aprendizado dos alunos. Se você não sabe ler ou não sabe o que está sendo ensinado não é o primordial, para o aluno basta que ele saiba que a família o apoia nos estudos que o rendimento dele melhora muito”, encerra Elizabete colocando a importância da família no aprendizado do aluno.

INCLUSÃO 
Além de incentivar a produção e o consumo literário dos estudantes e da comunidade, o projeto também promove a inclusão dos alunos. A escola nos tempos de intervalo, desenvolve um trabalho chamado de recreio interativo, onde os alunos maiores acompanham as crianças da pré-escola e primeiro ano. Como explica a diretora Elizabete Paz, “alguns alunos ‘adotam’ uma turma e auxiliam nos cuidados deles e promovem brincadeiras”.  Mas como a escola atende também alunos portadores de necessidades, nem todos podem participar dessas brincadeiras.
Uma delas é a “Manu”, portadora de uma síndrome que deixou ela em cadeira de rodas, mas isso não foi problema para que ela deixasse de participar do recreio com os alunos mais novos. “Como a Manu não conseguia participar de brincadeiras de roda, por exemplo, ela pegava os livros e fazia uma roda com os alunos e contava as histórias”, comenta Elizabete ressaltando a importância da inclusão e do incentivo aos alunos, “ela nunca disse que não poderia ‘adotar’ os alunos, simplesmente ela adaptou o que conseguia fazer e o trabalho proposto nos intervalos”.

Wellington Hack, acadêmico do 2º semestre de jornalismo, voluntário na Agência da Hora

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