Marechal Rondon, Paraíba e desenvolvimento de comunidades carentes. E o que a cidade de Frederico Westphalen tem a ver com isso? Simples. Dois projetos aprovados pelo Ministério da Defesa são de instituições situadas na cidade: a Universidade Regional Integrada (URI) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)/CESNORS. A Operação Mandacaru, que faz a cobertura de toda a região cearense, ficou a cargo da URI. A instituição realizará os trabalhos de extensão universitária na cidade de Tejuçuoca. Enquanto a UFSM/CESNORS participará da Operação Porta do Sol, encarregada de cobrir toda a região paraibana, e terá como base a cidade de Solânea.
A coordenadora do curso de Farmácia da URI, Verciane Cezarotto, 32, que também é coordenadora do Projeto Rondon na instituição, nos contou que todos os rondonistas já estão selecionados. Uma delas é a acadêmica de psicologia, Jéssica de Marco, de 20 anos de idade. Ela foi questionada sobre quais seriam as motivações que a levaram a participar do projeto e nos revelou que “por ser um projeto de cunho social, que visa o comprometimento e a responsabilidade, busquei me inserir neste novo desafio, que tenho certeza que trará muitas contribuições na minha formação. Ter a possibilidade de trabalhar com outros contextos será uma experiência incrível”.
Verciane ainda nos conta que a universidade envia projetos com frequência nos períodos de janeiro-fevereiro e junho-julho e nos revelou que às vezes é necessário que a coordenadora do projeto negocie com a prefeitura quais oficinas interessa à população. “Tivemos um caso, onde a prefeita cortou mais de 50% por cento das nossas oficinas. Oficinas que geram renda, que ensinassem direitos humanos, enfim, a professora foi lá, disse o que podia e não podia e a gente se adaptou ao que o município pediu”, nos revela Verciane.
Do outro lado da moeda, Janaína Gomes, professora adjunta de 40 anos da UFSM/CESNORS, coordena o Projeto Rondon pela instituição e nos revelou com bastante orgulho, ter sido a primeira vez que enviou um projeto para o Ministério da Defesa e logo de cara ele foi aceito. Ainda nos contou que “desde que era estudante de jornalismo, eu sempre quis participar do Projeto Rondon, porque eu via que a cada ano tinham operações interessantes, que sempre atendiam pessoas com vulnerabilidade e promovem a transformação social”.
Enquanto a URI teve sua proposta aprovada para o conjunto A, o projeto da UFSM/CESNORS envolve o conjunto B e a professora Janaína explica que “são 24 propostas de trabalho envolvendo as quatro áreas e todas elas precisam, necessariamente, ser interdisciplinares. Ou seja, eu preciso envolver a comunicação, o meio ambiente, trabalho e tecnologia sociais. Para isso tivemos que pesquisar para formalizar e formatar a proposta. Temos que ter tudo isso ao mesmo tempo funcionando com uma equipe multidisciplinar”.
Neste final de semana a Profa. Janaina participou da X Reunião Anual de Professores do Projeto Rondon, na Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro. Nesta ocasião pôde conhecer a instituição parceira, a FACIPLAC, Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central, bem como os comandantes que serão responsáveis pela missão em Solânea. O planejamento das oficinas ocorrerá a partir de agora. A próxima etapa do Projeto Rondon será a viagem precursora, no qual as instituições visitam suas respectivas cidades, para ajustar a proposta inicial.
Projetos como esse, fazem com que pessoas necessitadas tenham um pouco de esperanças em sua vida e Janaína ainda avisa: “a intenção é que mande novos projetos. Certamente mandarei de novo no ano que vem. Já me sinto parte da Família Rondon”. E complementa o que aprendeu na reunião do último final de semana: “Os professores coordenadores de uma equipe devem ser graduados em respeito, mestres em indignação, doutores em humildade e empolgação e pós-doutores em sensibilidade”.
O Projeto Rondon é uma homenagem a Cândido Mariano da Silva Rondon, o Marechal Rondon. Um ferrenho defensor dos indígenas, que não à toa foi o primeiro diretor do Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais (SPI) e mais adiante, virou Conselheiro Nacional de Proteção aos Índios (CNPI). Foi também devido a sua prestação de serviços, que houve a mudança de nome do estado de Guaporé, para Rondônia.
O projeto foi criado em 1967, tendo bastante destaque nas décadas de 70 e 80, entretanto, no final da década de 80, mais precisamente no ano de 1989, o projeto foi extinto. Mais recentemente o Projeto Rondon foi retomado pelo Ministério da Defesa e, segundo o site oficial do projeto, estima-se que 12.000 pessoas de todo os cantos do país tenham participado.
O projeto é divido em dois conjuntos: A e B. O conjunto A consiste em atender as áreas da Cultura, Direitos Humanos e Justiça, Educação e Saúde, enquanto o conjunto B engloba as áreas da Comunicação, Tecnologia e Produção, Meio Ambiente e Trabalho.
Neste mês de agosto vários pontos da operação já estão definidos. Como a cidade em que o projeto será implantado e as pessoas que dele participarão, os chamados rondonistas. Mas para quem nunca ouviu falar do Projeto Rondon, as etapas anteriores foram: o planejamento de quais regiões seriam selecionadas, delimitadas pelos critérios do Ministério da Defesa, como baixo IDH, tamanho do município, entre outros; a visita dos militares aos municípios selecionados, para que a prefeitura confirme ou não o interesse em participar e apresentar contrapartida a proposta inicial; divulgação e inscrição das instituições de ensino; elaboração e seleção das propostas de trabalho; composição e o início da preparação das equipes.
Thiago Henrique / Da Hora
Tamara Mello / Da Hora
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