“Ainda somos necessários? E podemos continuar fazendo as mesmas coisas?” Uma conversa sobre Jornalismo!

Foto: Rafael Franceschet

Foto: Rafael Franceschet

Uma questão muito comentada e que preocupa muitos profissionais da área: Com o ritmo sendo ditado pela tecnologia, qual a finalidade do trabalho do jornalista? É importante e sente-se a necessidade de conversas sobre o Jornalismo. Precisamos parar e pensar na trajetória que o profissional da área vem traçando desde os tempos, sem estranhar as inúmeras pessoas que questionam o papel deste profissional para a sociedade.

Para conversar com os acadêmicos a respeito do Jornalismo e sua experiência no mercado de trabalho, esteve no campus da UFSM de Frederico Westphalen, na tarde de 7 de abril, Luiz Araujo, profissional formado em Jornalismo pela UFSM e mestre em Comunicação e Informação pela UFRGS. Luiz Araujo está há 19 anos em Zero Hora, assina a coluna e o blog Olhar Global. Como enviado especial, cobriu a Primavera Árabe no Egito (2011), a crise na Ucrânia (2014) e o avanço do Estado Islâmico (2014). Além disso, é autor de “Binladenistão – Um Repórter Brasileiro na Região mais Perigosa do Mundo” (Iluminuras, 2009), finalista do 52º Prêmio Jabuti de Literatura (2010).

Foto: Rafael Franceschet

Foto: Rafael Franceschet

O evento foi realizado porque neste mês o Zero Hora completa 51 anos de história e os seus repórteres, editores, redatores e demais profissionais, visitam universidades no Rio Grande do Sul. Já foram visitadas 25 universidades e cursos de Comunicação Social em todo o estado. E o principal objetivo dessa iniciativa é questionar os acadêmicos da rotina do jornalista e das mudanças que este mercado de trabalho vem sofrendo nos últimos anos, principalmente com o crescente uso de mídias digitais.

 O profissional falou da trajetória do jornal impresso, desde o início até sua incorporação por meio de ferramentas da internet e hoje, em maior escala de procura nos meios digitais. Cada vez mais as pessoas acabam por trocar o papel pela informação mais rápida e acessível em meios digitais, por meio de computadores, tablets ou celulares. Segundo o Jornal Portal do Sul, os índices de leitores de notícias via digital, cresceu em torno de 15% no ano passado. Este índice cresce mais de 10% ao ano e, assim, a mídia impressa está decrescendo inversamente.

Em sua conversa com os estudantes, Luiz Araujo comenta sobre as mudanças radicais do Jornalismo nos últimos vinte anos. Sem dúvidas, a internet se popularizou e atinge maior parte da população, que antes não tinha acesso às informações pela mídia digital. Contou ainda, sobre a sua experiência no Zero Hora e afirma que o número de pessoas que acessam o jornal online cresce consideravelmente a cada mês. O editor e colunista, diz que não acredita no fim do jornalismo, porém é necessário que os jornais não sejam restritos apenas ao impresso e entrem na velocidade das informações nas plataformas onlines. “O futuro do jornalismo não está mais no impresso”, comenta durante sua fala.

Foto: Eduarda Wilhelm

Foto: Eduarda Wilhelm

Assunto para parar e pensar: De que maneira lidar com as redes sociais e com a instantaneidade? Luiz Araujo ainda fala durante a conversa que o acadêmico que pretende viver de Jornalismo precisa encarar uma série de questões. É preciso se adequar à essa realidade e acompanhar a rapidez com que as notícias são veiculadas e repassadas. Não basta apenas querer passar uma informação, é preciso também, explicar o contexto de toda a situação.

O palestrante também comentou das principais características que o recém formado deve ter. Dentre elas, destaca a curiosidade e o interesse de conhecer e usar novas ferramentas, que o mercado exige. Além disso, tratou da questão de possuir ampla bagagem cultural e que é importante prestar atenção aos detalhes, pois são estes que fazem toda a diferença. O momento de colocar as “mãos na massa” é agora! Falou ainda, que a universidade é o momento mais importante na formação de um profissional porque é assim que se adquire o conhecimento e a partir disso, vem o resto. E deixa um questionamento: “Ainda somos necessários? E podemos continuar fazendo as mesmas coisas?”

Como principal objetivo de diálogo, possibilitou a interação com os estudantes presentes no encontro, onde estes puderam tirar dúvidas tanto da área quanto das experiências do profissional Luiz Araujo. O aluno Mateus Quevedo diz que “a Zero Hora é uma escola de como fazer jornalismo e é muito importante eles trazerem os profissionais para a gente saber como anda o mercado de trabalho”. O palestrante Luiz Araujo conta sobre o objetivo do evento: “o objetivo é interagir com esses que vão ser os futuros baluartes da nossa profissão e de alguma forma trocar experiências”.

A iniciativa é muito importante, principalmente por provocar a reflexão do tema e assim, analisar quais as principais demandas e mudanças que o mercado de trabalho exige. É preciso se adequar as necessidades do consumidor. Tudo está em constante aperfeiçoamento. Se os meios digitais crescem, cabe ao profissional da Comunicação usar dessas ferramentas ao seu favor.

Cleusa Jung / Agência Da Hora

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