Dona Jane: um exemplo de tradicionalista

Conheça um pouco sobre como é a vida de uma pessoa que vive intensamente a cultura gaúcha.

 

A cultura gaúcha é uma cultura muito rica, com inúmeras manifestações como dança, música, poesia, culinária, vestimentas… Esta cultura é baseada em uma identidade específica, que está conectada a outras identidades latino-americanas e exalta a cultura do homem rural do Rio Grande do Sul, o gaúcho. Uma cultura rica em conhecimento e considerada simples por quem a pratica. Porém, a imagem que se tem do gaúcho hoje é, muitas vezes, pertencente a uma cultura hegemônica imposta, que não faz referência a quem realmente vive ligado à cultura gaúcha. Mas há quem viva está cultura no seu dia-a-dia, como a professora aposentada Jane Salete Machado da Silva, de 53 anos.

Jane sempre acorda cedo, liga o rádio e faz um mate. O tradicional chimarrão é um costume rotineiro na casa da Dona Jane, costume que traz consigo desde pequena, pois seu pai fazia erva-mate, fato que liga ainda mais Jane ao chimarrão. No seu dia-a-dia, Jane preserva as tradições do RS: em sua sala há um fogão à lenha, segundo ela muito utilizado para fazer comidas típicas. Ela diz que sempre está fazendo carreteiro, mandiocada, puchero, feijão, pratos típicos da culinária gaúcha. Para prepará-los, ela usa panelas grandes de ferro, os temperos são simples, mas o importante é perpetuar essa culinária tradicional. Comidas que ela conhece desde pequena, e que agora faz para seus familiares e amigos.

Jane é muito ligada a sua família e diz que isso é uma qualidade dos gaúchos, ser bem “chegado” aos familiares. Ela tem três filhos e 4 quatro netos, e conta que datas comemorativas como Natal e Páscoa sempre passa em família, costume que ela jamais pretende perder. Ela relata que, no Natal, algumas vezes conseguem um parente para se fantasiar de Papai Noel Gaúcho, um homem com bombacha, poncho vermelho e gorro que aparece de vez em quando nas celebrações da família.

Jane conhece muito sobre cultura gaúcha, conhecimento adquirido através de muito estudo e de sua vivência tradicionalista. E sempre que vai alguém na sua casa, principalmente crianças, Jane apresenta a elas um pouco sobre a cultura que possui, ensina-lhes brincadeiras antigas e cantigas, brinca de roda, e ensina danças tradicionais gaúcha como o pezinho e o maçanico, que seu neto Pietro, de 4 anos, já domina. Ela conta que pessoas que nunca tiveram nenhum contato com a cultura gaúcha se encantam ao se deparar com a riqueza das tradições. Enquanto era professora, Jane sempre trabalhou o assunto, pois acredita ser importante ensinar as crianças sobre a cultura do estado em que vivem.

Jane participa de CTGs, eventos tradicionalistas, já foi patroa de entidade e participou de coordenadorias da sua região tradicionalista, esforço que já lhe rendeu várias homenagens no meio. Ela acredita que para ser gaúcho é preciso amar o lugar onde se vive, que gaúcho não é só quem veste bombacha ou participa de CTG, mas todos aqueles que têm carinho pelo Rio Grande.

 

Eduarda Wagner / Da Hora

 

 

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