Seis amigos tiveram uma ideia em comum no ano de 2005, na cidade de Santa Maria – RS, abrir um espaço que não tinha apenas como proposta o entretenimento, mas também um lugar que traria um diferencial, como um espaço cultural. Não queriam simplesmente criar um bar convencional que comercializasse e trouxesse shows.
Os rapazes achavam que os espaços culturais em Santa Maria eram mais comerciais e a cultura independente meio dispersa e efêmera. Como assíduos frequentadores da noite santamariense, achavam que estava faltando um espaço, como um vazio que deveria ser preenchido na cultura da cidade, então pensaram em um lugar que fosse mais ou menos uma espécie de “centro de convergência de experiências”. Mas a ideia de criação do lugar não pode ser apenas pensada como um insight de um grupo de amigos, mas também porque produtores, artistas e ativistas apoiaram a ideia.
Todas essas pessoas, ao se tratar de cultura independente, achavam que seria necessário um espaço como os que eles estavam propostos a inaugurar. Foi aí que em março de 2005, os seis amigos Atílio Alencar, Jeferson Bernardo, Fernando Budini, Paulo Ribas, Gilnei Engelmann e Auro Alves, mesmo não tendo conhecimento de gestão de espaço, resolveram virar sócios e criar o Macondo Lugar, conhecido também como Casa Verde.
Macondo era uma inspiração comum a todos, pois o nome vem da obra literária Cem Anos de Solidão, do Gabriel Garcia Márquez. Na obra, Macondo era uma cidade imaginária onde praticamente tudo era possível ou toda imaginação do poder, então para eles isso acabava sendo uma mensagem subliminar inserida no próprio nome. Em uma noite do mês de março de 2005, o bar com proposta cultural resolveu abrir as suas portas. Nessa noite juntou um pessoal de faculdade. Era galera da comunicação, galera das artes, galera das ciências. E ainda com esses estudantes juntaram-se outras “tribos”, como punks, hippies que vendiam coisas nas ruas, tatuadores e por aí vai. Neste primeiro dia o lugar já começou a mostrar a convergência de cultura que faz parte dele até hoje.
O Macondo Lugar, que ficava na conhecida Floriano Peixoto, era um lugar pequeno, pois só o primeiro andar do lugar era aberto, o segundo andar nunca foi aberto e servia como um depósito. No fim de 2006, o Macondo Lugar teve que trocar de sede quase dois anos depois porque pediram pra saírem do prédio que mais tarde seria demolido. Não deu nem tempo deles darem uma remodelada, tiveram que achar outro espaço. Se mudaram para uma casa maior, com novos desafios e mais cara de casa de shows. Nessa nova sede permaneceram apenas dois sócios, Atílio Alencar e Jéferson Bernardo e que são os donos até hoje. É importante lembrar que o Macondo “antigo” era considerado bem mais underground que o Macondo de hoje. A nova sede do Macondo continuava mantendo essa característica de ter as paredes verdes, até por isso sempre ficou conhecido como Casa Verde.
O Macondo Lugar trouxe uma grande mudança na cultura da cidade por ser um bar que estimula a cultura, não está lá apenas para comercializar bebidas e ter música diferenciada. Ele estimula a manifestação de cultura em suas dependências, pois não são apenas bandas que tocam no lugar. Há mostra de artes visuais, apresentações teatrais, grafite e até um tempo atrás toda a terça-feira usavam o espaço para o cineclubismo, fazendo exibição de filmes e curtas.
Pra onde vai?
O Atílio não faz a mínima ideia para onde o Macondo Lugar vai, mas sei que o Macondo vai ser para sempre. Se um dia ele fechar, ficará na lembrança de todas essas diferentes “tribos” que frequentaram o lugar. Acredito que só tem preconceito com o Macondo quem nunca entrou lá dentro. Quem já foi, viu que é um lugar onde você se sente à vontade, vê coisas diferentes, pessoas de tudo que é tipo e estilo, bandas que não se vê em qualquer lugar e cultiva a cultura.
Pro Atílio não há nada que aconteça sem cultura, não há política, não há economia, não há ecologia. A luta dos donos do Macondo Lugar é para que as pessoas compreendam que a cultura é um bem fundamental e vital na vida de qualquer pessoa. Se você nunca foi ao Macondo Lugar, vá! Tente ir pelo menos uma vez para conhecer o lugar. No máximo você verá pessoas de todos os tipos, diversas manifestações culturais e escutará uma boa música.
Martha Steffens / Da Hora
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