
Excursão com cerca de cinquenta pessoas que saiu na quarta de manhã de Frederico Westphalen para o show.
Pareceu uma eternidade desde o começo do ano quando anunciaram a turnê sul-americana, que incluiria o Brasil, mas finalmente o dia chegou. Os precursores do heavy metal, um estilo que influenciou diversos músicos e gerações, chegaram ao Brasil com a turnê intitulada Reunion Tour. Porto Alegre já foi palco da banda em 1992, em sua formação com Ronnie James Dio nos vocais, e também de Ozzy em sua carreira solo, em 2011. Mas pela primeira vez, em seus mais de 40 anos de carreira, o Black Sabbath com Ozzy Osbourne (vocal), Tony Iommi (guitarra) e Geezer Butler (baixo), membros da formação original, e o baterista da turnê, Tommy Clufetos, aportou em Porto Alegre para um show lendário depois de tantas disputas legais e ressentimentos que permearam a saga de reconciliação dos membros da banda – sendo que Bill Ward, o baterista da formação original, acabou ficando de fora.

Com ingressos esgotados, 30 mil pessoas lotaram o estacionamento da Fiergs. Foto: Eduarda Wilhelm Possenti.
O show foi no estacionamento da Fiergs e os portões foram abertos às 16h. Os fãs foram entrando aos poucos e guardando os melhores lugares, sem filas gigantescas ou confusão, reunindo cerca de 30 mil pessoas e unindo todas as gerações.
Os porto-alegrenses da banda Hibria, cada vez mais consagrados no cenário de metal nacional e internacional, foram convidados a abrir a noite e começaram o show pontualmente às 19h30min. Em seus 30 minutos de apresentação e set de seis músicas, a banda embalou a noite com o peso das músicas de seus três últimos álbuns e encerrou com a clássica Tiger Punch.
Os encarregados de anteceder o show principal foram os gigantes do Megadeth, banda do Big Four do thrash metal que fez o ingresso valer por dois, sendo visível que grande parte do público estava lá preferencialmente para ver a banda de Dave Mustaine. Subindo ao palco cerca de trinta minutos depois do show do Hibria, às 20h30min, o Megadeth utilizou recursos visuais em três telões no palco, tendo cada música uma animação que fazia alusões aos clipes originais e trechos de filmes em que a banda é citada. Com um set list impecável e recheado de clássicos como Hangar 18, In My Darkest Hour, Tornado of Souls, Symphony of Destruction – que foi o ápice do show – e outras músicas, a banda encerrou com a já tradicional Holy Wars… The Punishment Due.
Pouco antes de entrar no palco, Ozzy já brincava com a plateia puxando um coro. Mas foi quando a sirene tocou anunciando War Pigs e a banda entrou no palco com cerca de 15 minutos de antecedência, às 21h45min, é que o público se emocionou ao ver que estavam prestes a realizar o sonho de testemunhar a reunião dos pais do heavy metal pisando em terras gaúchas. Ozzy falava com a plateia, “vamos ficar loucos hoje à noite”, e puxava uma coreografia de mãos enquanto Tony Iommi tocava o riff de Into The Void. Anunciando a próxima música Under The Sun/Every Day Comes and Goes, Ozzy imitou o som de um relógio cuco, riu e disse: “eu sou muito louco”. Em seguida tocaram Snowblind e Age of Reason, primeira a ser tocada do álbum 13, o mais recente da banda.
As imagens no telão central do palco (por algum motivo os telões laterais não foram usados) deram um show à parte, com direito a freira queimando o hábito e beijando outra freira e Al Pacino no filme Scarface. O sombrio barulho de chuva e badaladas anunciam Black Sabbath, a emblemática música homônima da banda, considerada por muitos a primeira canção de heavy metal da história. Gezzer demonstrou toda sua habilidade no baixo com Behind the Wall of Sleep e sua introdução para N.I.B. Logo a seguir foi a vez de End Of The Beginning e uma trinca de Paranoid (1970), segundo álbum da banda, Fairies Wear Boots, Rat Salad, que contou com Tommy Cufletos e seu poderoso kit de bateria embalando seis minutos de um solo arrebatador, e a terceira, que foi uma das canções mais aguardadas da noite, Iron Man. Na sequência, foi executado o single do novo álbum, God Is Dead? e Dirty Women, com direito a imagens libidinosas no telão.

Black Sabbath inicia sua turnê pelo Brasil em show que entrou para a história de Porto Alegre. Foto: Paola Bueno.
Chegando ao fim do espetáculo, Ozzy provocou a plateia dizendo:
— Vamos combinar o seguinte: esta é a última música, mas se vocês enlouquecerem muito tocamos mais duas ou três – e então começa a penúltima música, Children of the Grave. No bis, executam a introdução de Sabbath Bloody Sabbath e emendam Paranoid, que foi a escolhida para a despedida, música que enlouqueceu de vez o público e fez a Fiergs inteira pular. No final, Ozzy se ajoelhou, saudou o público e agradeceu com a clássica frase “God bless you all” (“Deus abençoe a todos”). Os demais músicos se juntaram a ele no agradecimento final e deixaram o palco com um público satisfeito com as duas horas de show, mas com um gostinho de quero mais.
A banda seguiu à risca o mesmo set list apresentado nos outros shows da turnê. Claro que Ozzy, Tony e Geezer não são mais os mesmos, o que é óbvio em quase 70 anos de uma vida de excessos, mas todos surpreenderam com sua performance e disposição no palco. Ontem (11) foi a vez de São Paulo reunir cerca de 70 mil pessoas para assistir a esse show histórico, no Campo de Marte; amanhã será a vez do Rio de Janeiro (13), na Praça da Apoteose; e Belo Horizonte (15), na Esplanada do Mineirão, encerrará a passagem do Black Sabbath pelo país.
Eduarda Wilhelm Possenti / Da Hora

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