Quando o assunto é futebol, sempre tem polêmica no meio. Em todos os sentidos. “Por que gastar tanto em futebol?”. “Jogador vendido!”. “Futebol é o pão e circo moderno”. “Brasileiro só pensa em futebol”. “Juiz ladrão!”.
Costumo analisar o futebol como um campo profissional, onde várias empresas (clubes) fazem frequentes investimentos em busca de resultados, que, por sua vez, vão gerar lucro. A busca por mão de obra qualificada é cada vez mais rígida e a carreira dos jogadores, cada vez mais curta. São dois ou três em meio a mais de cem garotos que conseguem um lugar ao sol nesse mundo, que seguem sonhando em serem ídolos para as torcidas do seu time do coração, imaginam um dia “servir ao país” trazendo uma Copa do Mundo para casa, que almejam uma vida financeira estável ou até mesmo mais avantajada para dar melhores condições às suas famílias, uma vez que enxergam nessa área uma saída.
A malícia do futebol dentro de campo é um fato interessante de se analisar. Todo torcedor já reclamou daquele “catimbeiro” que procura esfriar o clima do jogo em uma partida decisiva ou daquele “marrento” que insiste em “por o time adversário na roda” quando o jogo já está ganho. Quem não se lembra do Edilson Capetinha?
O futebol mexe tanto com nosso povo que às vezes perdemos a conta de em quantas propagandas diferentes o Neymar ou outros jogadores da seleção aparecem. A impressão que se dá é que a presença desses elementos é um fator essencial para o sucesso do produto. Além disso, é muito comum ver torcedores chorando por seus times, fazendo promessas, apostas, tatuagens, discutindo, agredindo ou, em muitos casos, assassinando outros torcedores, pelo simples fato de vestirem outra camisa, idolatrarem outra flâmula.
Não se tem mais a simplicidade e o tal amor à camisa que se via. Garrincha se espantou após receber seu primeiro salário: “[…] e ainda vão me pagar pra fazer isso?”. Comumente vemos atletas declarando um amor vazio aos seus clubes atuais e, logo após, vão atuar pelo arquirrival por um salário dobrado.
Interessante perceber como a comunidade frederiquense se mobilizou, mais uma vez, para apoiar o time de sua cidade. Cerca de cinco mil torcedores se fizeram presentes no jogo do último domingo. Cantavam alegres e esperançosos. Tomavam chuva desesperados e temerosos. Esbravejavam contra os jogadores e contra o árbitro da partida. Voltaram para suas casas cabisbaixos e desiludidos.
Para finalizar, não poderia deixar de citar um elemento que vai contra a narrativa de uma disputa futebolística. Falo do “SE”. “E SE eu tivesse cantado mais alto?”. “SE eu tivesse usado aquela mesma roupa que deu sorte?”. “SE eu tivesse me sentado no mesmo lugar?” “SE o juiz marcasse aquela falta…”. “SE o Macaíba tivesse guardado aquela bola nos fundos da rede…”. Para mim, SE o futebol, esse que analiso como um campo profissional, nos possibilitasse ter acesso aos seus bastidores, às suas corrupções, às ambições, às suas segundas intenções e ao oportunismo dos grandes empresários, este não balançaria tanto as nossas mentes, os nossos corações.
Vinícius Duarte / Da Hora
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