Os obstáculos das mulheres que se arriscam no meio esportivo e precisam buscar outras fontes de renda pela não valorização da profissionalização da categoria
Daiane Pereira e Francelen Soares
daiaharruda@hotmail.com; francelensoares@gmail.com
Em 2003 o futsal feminino começou a ser representado por uma seleção, e aos poucos foi se expandindo e se popularizando entre as mulheres, segundo a Confederação Brasileira de Futebol de Salão, o que se percebe é um grande crescimento nas competições em cada ano, o que faz aumentar a visibilidade e a qualidade técnica e o reconhecimento internacional com a representação da seleção feminina de futsal, que é bicampeã sul-americana, e pentacampeã mundial.
Mesmo cientes do machismo que há na sociedade e da falta de apoio a profissionalização no futsal, as jogadoras do Cometa/Rodeio, escolheram encarar os desafios dentro e fora das quadras. Além de fazer o que gostam por amor a camisa, elas buscam diariamente, principalmente nesse âmbito do esporte, encarar o que for preciso. Além do contexto que as mulheres estão inseridas, elas enfrentaram diversas outras dificuldades, principalmente na questão financeira e também pelo futsal feminino em si que não é reconhecido no país. Por isso, infelizmente não é possível viver profissionalmente do futsal feminino. Ainda assim, o Cometa/Rodeio possui um bom desempenho nas competições:
1° Fase Série Bronze
Partidas – 16
Vitórias – 11
Empates – 2
Derrotas – 3
2° Fase Série Bronze
Partidas – 4
Vitórias – 2
Empates – 2
Derrotas – 0
Vida fora da quadra
Por ser um meio no qual as mulheres não são tão valorizadas, muitas delas dependem de outra fonte de renda para se manter, justamente pelo fato de o retorno no campo futebolístico não ser justo. Cláudia Fernanda Sari Kurek, formada em Química Industrial pela URI/FW, e graduanda do último semestre de Agronomia da UFSM/FW, atualmente trabalha na propriedade dos pais no ramo da agricultura, e também é estagiária em uma empresa de rastreabilidade de sementes O Agro.
Cláudia conta que começou a jogar desde muito cedo por influência da família que é toda apaixonada pelo futebol, e acabou entrando nesse meio por consequência de acompanhar o pai nos jogos. “Como incentivador, minha família. São eles minha base, e meu maior incentivo.” afirma. Cláudia enfatiza que o preconceito que o é muito grande, pois infelizmente vive-se em uma sociedade em que está impregnada na cabeça da população a prevalência do futebol masculino, mantendo sempre a ideia de que quem sabe jogar é somente o homem. “Enfrento esse preconceito de maneira pacífica, pois normalmente essas ofensas, vem de pessoas que não possuem uma bagagem cultural suficiente para ter consciência de que mulher pode ser o que ela quiser, tem a capacidade de realizar as mesmas tarefas e jogar bola iguais homens, e algumas situações, até melhor”, diz a jogadora.
A jovem ainda declara que estar na formação da equipe é motivo de orgulho, ter o reconhecimento de uma atitude corajosa de enfrentar o que fosse preciso. Provar para todos a capacidade de conquistar títulos com muita vontade e atitude. “O fato de como lidar com isso, é de certa forma prazeroso, pois somos de fato, reconhecidas pelo que fizemos, no momento que tu entra em um ambiente comercial, ou algum lugar que tem conhecimento da equipe e da campanha, receber esse carinho, é muito bom”.
A distinção entre homem e mulher no mercado de trabalho esportivo
A participação das mulheres no mercado de trabalho, inegavelmente, vem aumentando. Porém, a diferença salarial entre homem e mulher ainda persiste. E essa situação persiste não só no esporte mas em diversos âmbitos. Conforme pesquisa publicada no site G1, no início do ano, as mulheres ganham menos em todos os cargos avaliados. A pesquisa avaliou os cargos de estagiário a gerente de uma empresa. O cargo que mais diverge é o de consultor, os homens ganham 62,5% a mais. Nos cargos de graduado a diferença chega a 51,4%. Esses dados ressaltam e comprovam o quanto o machismo e o patriarcado ainda tem força na sociedade.
Muito bom! Parabéns meninas, é disto que o futebol feminino precisa, ser divulgado!