Quando os primeiros sinais do movimento feminista surgiram lá na França, por volta de 1789 durante a Revolução Francesa, é de se pensar que as mulheres que participavam do movimento acreditavam que, após anos de luta, os direitos das mulheres e dos homens não seriam tão diferentes. Porém, sabemos que muita coisa não mudou. E as mulheres na Inglaterra do século XIX também sabiam.
Naquela época, a mulher não tinha o direito de votar e tinha a obrigação de ficar em casa cuidando dos aposentos, do marido e dos filhos. Sabe-se, que graças a estas mulheres, o direito ao voto e a ter uma profissão foram conquistados. Para muitas pessoas – principalmente homens – isso já seria um sinal de igualdade de direitos. No entanto, não era o suficiente.
Por saber que poderiam conquistar mais, surgiu o feminismo contemporâneo nos Estados Unidos, na segunda metade da década de 1960. Desta vez, as mulheres lutavam por igualdade política, jurídica e econômica. Mesmo depois de toda a luta que as mulheres tiveram que enfrentar para conseguir direitos básicos, uma parte da sociedade acredita veemente que o feminismo não tem serventia.
Portanto, atualmente no século XXI, a luta do feminismo continua basicamente com o mesmo objetivo de 1960. Luta-se por direitos iguais, por reconhecimento perante a sociedade. Luta-se para o sexo feminino não ser considerado inferior ao masculino e também luta-se por visibilidade. Nos tempos em que tudo acontece online, o feminismo ganhou popularidade. Mais pessoas podem entender do que se trata e disseminar as ideias.
Para possibilitar que as pessoas realmente compreendam, foram criados alguns termos para facilitar o entendimento e para qualificar as atitudes dos homens em diferentes situações. Manterrupting é um deles e é quando um homem interrompe constantemente uma mulher e não permite que ela conclua sua frase. Esta situação acontece muito em conversas do dia a dia, quando a mulher tenta expor sua opinião e um – ou vários – homem insiste em interrompê-la.
Outro termo é o mansplaining que acontece quando um homem explica algo para uma mulher de forma didática, como se a mulher não fosse capaz de compreender a situação da forma como os homens compreendem. O terceiro termo é o bropriating, que é quando um homem dá a mesma ideia ou opinião que uma mulher, porém leva os créditos. Esta última situação é muito comum em reuniões de trabalho. E, por último, mas não menos importante, há o gaslighting. Este acontece, principalmente, em relações pessoais. O homem leva a mulher a acreditar que ela enlouqueceu ou que está errada sobre algum assunto, quando originalmente está certa.
O gaslighting é um dos casos mais sérios. Nas relações pessoais, principalmente em relacionamentos amorosos, não é raro de acontecer. É um tipo de abuso psicológico. A mulher começa a desacreditar nela mesma e passa a acreditar apenas no homem, tornando-a insegura e achando que é incapaz. Este termo caracteriza uma violência emocional e, infelizmente, muitas vezes a mulher não consegue perceber que isso está acontecendo com ela.
Portanto, é importante que as pessoas conheçam e divulgam estes termos. Quanto mais as mulheres estiverem cientes de que situações como estas são comuns, mais elas conseguirão se defender e ajudar outras mulheres. Muitas vezes a pessoa que está sofrendo na situação dos termos explicados não percebe o que está acontecendo, tornando fundamental a sororidade, um termo muito usado no movimento feminista e que significa união, empatia e companheirismo entre as mulheres.
A luta contra o machismo é no dia a dia. É quando um homem diminui uma mulher simplesmente pelo fato de ser mulher e também quando um homem interrompe uma mulher no meio de uma frase, impedindo que ela fale. É quando um homem fala “lugar de mulher é na cozinha” e quando se ofende se a mulher tem um salário mais alto. Quanto mais mulheres entenderem os objetivos e os termos do feminismo, mais força o movimento vai ter e menos ideias machistas serão ensinadas na sociedade.
Julia Zielke Rebellato
juliazrebellato@gmail.com
Redação Jornalística I
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