O que se quer, é o que dá certo

Crédito: Reprodução IENH/Colégio Marista

Recentemente, o dia temático de duas escolas do Rio Grande do Sul geraram polêmica na internet. Os alunos do terceiro ano do ensino médio da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH) e o Colégio Marista Champagnat de Porto Alegre foram alvo de muitas críticas, pois seus estudantes fizeram o dia D ou recreio temático com o tema “Se nada der certo”, em que os estudantes vestiram-se com roupas que representavam algumas profissões que supostamente não deram certo na vida, como empregadas domésticas, atendentes de fast-food, vendedores ambulantes, mecânicos, porteiros e demais ofícios pouco valorizados no país.

Após as imagens serem divulgadas na internet, pelos alunos ou pelas próprias instituições, muitos internautas recorreram a outras redes sociais reprovando a atitude dos estudantes do ensino médio, pois interpretaram como um desrespeito as profissões retratadas, sendo uma forma de humilhação e de certo modo, enaltecendo outros trabalhos muito valorizados e respeitados atualmente.

Porém, muitas informações foram distorcidas ao longo de que a história ia sendo compartilhada, como no caso do Colégio Marista de Porto Alegre que afirma na rede social oficial da instituição, que o fato ocorreu em 2015 e posterior o recreio temático, a escola teve uma conversa com os demais educadores e entenderam que a atitude deveria ser proibida nos anos seguintes. Já o IENH afirma em nota oficial que “o objetivo principal dessa atividade foi trabalhar o cenário de não aprovação no vestibular, de forma alguma foi fazer referência ao ‘não dar certo na vida’”.

No ano de 2016, pude presenciar o mesmo fato, na antiga instituição que eu estava cursando Ciências Biológicas. Haviam alunos vestidos de funkeiros, vendedores ambulantes, empregadas domésticas e até professores. Confesso que ao ver a menina vestida de professora em sua própria escola, senti certa revolta com tamanha ironia. Era uma instituição federal, sendo a melhor do município e umas das melhores da região noroeste do Rio Grande do Sul, se a menina que estava ali trajada de professora, prestes a se formar no ensino médio técnico, significava que a profissão com que se deparava todos os dias, realmente não havia dado certo? Isso mostra a desvalorização e o modo como vemos os outros como minorias que foram e são oprimidas ainda hoje.

O que realmente não deu certo foi implementar esse dia temático no calendário dos estudantes. De carpinteiro à emprega doméstica, porteiro à gari, se a profissão não deu certo, por que está ali? Elas são necessárias a sociedade e a valorização do profissional competente que exerce seu trabalho, deve ser prestigiada.

Não foi em uma, duas ou três escolas apenas, mas foram em vários lugares. Instituições privadas ou públicas, a responsabilidade é moldar o pensamento do jovem de forma boa, ou melhor, ajudá-lo a construir esse pensamento crítico com os demais, havendo sempre o respeito e valorização de qualquer ser humano que exerce um ofício em prol de alguém específico na sociedade ou para com um bem comum.

Camila Wesner
camilawesner@hotmail.com
Redação Jornalística I

About the Author

camilawesner
Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Santa Maria /campus Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, Brasil.

Be the first to comment on "O que se quer, é o que dá certo"

Leave a comment

Your email address will not be published.


*